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Capital

Marquinhos culpa “gestões anteriores” por tragédia em cartão-postal da cidade

Prefeito diz que falta de “cuidado técnico” nas administrações que lhe antecederam tornam aporte de quase R$ 10 milhões necessário

Humberto Marques e Mayara Bueno | 23/05/2019 15:18
Segundo prefeito, falta de zelo de seus antecessores forçam investimento no lago. (Foto: Kísie Ainoã)
Segundo prefeito, falta de zelo de seus antecessores forçam investimento no lago. (Foto: Kísie Ainoã)

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) responsabilizou seus antecessores pelo assoreamento do lago do Parque das Nações Indígenas em Campo Grande, durante ato nesta quinta-feira (23) no qual foi assinado acordo para revitalização do espelho d’água, na Governadoria. Serão investidos cerca de R$ 10 milhões para obras que incluem a retirada da areia que tomou o cartão-postal da cidade.

Em fala durante o evento, Marquinhos foi taxativo ao apontar que a obra que será realizado em parceria com o governo do Estado “outras gestões não tiveram o cuidado técnico”. O prefeito também se manifestou em relação aos protestos que cobravam a revitalização do espaço, nos quais disse ter faltado apontar “quem causou isso primeiramente”, e garantiu que os serviços que serão realizados agora terão durabilidade.

“Antes colava-se a peça com saliva e agora será feita uma nova. Vamos entregar o que verdadeiramente a população merece: algo bem feito e com conteúdo”, destacou Marquinhos, reforçando, ainda, que o investimento envolve “quase R$ 10 milhões que poderiam ser aplicados em outras áreas, como educação, saúde e outros investimentos que tivessem tido cuidado anteriormente”.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), por sua vez, reforçou a importância da mobilização popular em torno da obra, mas também apontou a importância de uma resposta definitiva. “Poderíamos tirar a areia, mas daqui a alguns anos as cruzes voltariam”, disse, referindo-se a manifestações pedindo a recuperação do espaço. Contudo, apontou que integrantes de outras administrações municipais também integraram os protestos.

Banco de areia tomou parte do espelho d’água. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Banco de areia tomou parte do espelho d’água. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Linha do tempo As declarações do prefeito remetem a ações cobradas por décadas em Campo Grande e que, na administração estadual, já resultaram em críticas quanto ao planejamento de serviços promovidos em administrações anteriores. Desde a gestão do então prefeito André Puccinelli (MDB, de 1997 a 2004) a região do lago do Parque das Nações Indígenas padeciam de obras de drenagem adequadas.

Estudos apontaram até aqui que as obras de drenagem na região da Mata do Jacinto, em área no norte da cidade acima do parque, carrearam sedimentos que chegaram ao Córrego Réveillon e, dali, tomaram o lago do parque. Antes, essas enxurradas desciam diretamente para o Córrego Sóter –que atravessou uma década como palco de enchentes, algumas das quais destruíram barragens de contenção já na gestão de Nelsinho Trad (PSD), que sucedeu Puccinelli, como em 2008.

A pavimentação e drenagem da região da Mata do Jacinto foi acertada na gestão de Nelsinho, com a captação de R$ 311 milhões via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para obras do gênero em diferentes locais da cidade. O projeto, porém, só caminhou nas gestões posteriores, de Alcides Bernal (Progressistas) e Gilmar Olarte. Na Mata do Jacinto, o contrato de R$ 35,5 milhões foi firmado em 2014. Em 2017, foi aditado para R$ 41,1 milhões, já incluindo as redes de drenagem nas Avenidas Desembargador Leão Neto do Carmo, Hiroshima, Fadel Iunes e Mato Grosso, chegando ao Réveillon.

O projeto original incluía um piscinão no Réveillon, com 600 metros quadrados, para conter enxurradas e sedimentos, que chegou a ser abandonado diante da avaliação de que as novas redes de drenagem tornavam a estrutura desnecessária. Porém, em nova avaliação, apontou-se a estrutura como solução para o assoreamento do lago do parque.

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