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Meio Ambiente

Obras de asfalto levaram areia para lago do Parque das Nações Indígenas

Frentes de pavimentação na região norte da Capital contribuíram com assoreamento; solução está em piscinão na Avenida Mato Grosso

Humberto Marques | 30/04/2019 20:05
Lago do Parque das Nações Indígenas foi tomado por areia vinda de obras na região norte. (Foto: Arquivo)
Lago do Parque das Nações Indígenas foi tomado por areia vinda de obras na região norte. (Foto: Arquivo)

O assoreamento registrado no lago do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, tomado por um banco de areia que desfigurou uma das principais atrações turísticas da cidade, foi resultado de sedimentos arrastados pelo do córrego Réveillon.

Já este se transformou em destino de enxurradas da região norte da cidade, onde obras realizadas ao longo dos últimos dez anos levaram terra para o leito do curso d’água. A avaliação é que as frentes de pavimentação em bairros como a Mata do Jacinto deveriam ser iniciadas depois que medidas para evitar o problema ambiental fossem tomadas.

As conclusões partiram de estudos realizados em conjunto pelo governo do Estado e prefeitura de Campo Grande que, até agosto, pretendem resolver o assoreamento do lago –e evitar em definitivo que o assoreamento volte a se repetir até novembro, antes da próxima estação de chuvas.

“O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de Asfaltamento previa a pavimentação de áreas em quase 189 hectares. Mas antes não ia areia? Bem, antes essa água chegava ‘diluindo’ aqui, não havia pressão da água”, afirmou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, que lidera as frentes de trabalho para recuperação do lago do Parque das Nações Indígenas.

Segundo ele, “o que deveria ser feito, e não foi com o Marquinhos (Trad, PSD, atual prefeito), mas com gestões anteriores, era começar a obra pelo Réveillon, para retenção de sedimentos e água. Não fizeram”. Como resultado, a força das enxurradas danificou até mesmo a estrutura montada em uma área da Avenida Mato Grosso, próximo à Avenida Hiroshima, para amortecimento das águas. O problema pontuou ele, foi responsável por 90% do problema ambiental no lago.

Obras de interligação de rede de drenagem na Leão Neto do Carmo. (Foto: Arquivo)
Obras de interligação de rede de drenagem na Leão Neto do Carmo. (Foto: Arquivo)

Passado – O problema no Córrego Réveillon, porém, foi “herdado” de outra região. Na década passada, foi providenciada a pavimentação de bairros como a Mata do Jacinto e outros da região norte que que, até então, enviavam suas enxurradas diretamente ao Córrego Sóter, outro ponto que, historicamente, enfrentava problemas com cheias.

Em 2008, por exemplo, uma tempestade que atingiu a cidade levou à destruição de uma das cinco represas existentes no curso d’água, justamente idealizadas para amortecer a força das águas em dias de chuvas fortes. Em fevereiro deste ano, o Campo Grande News flagrou que parte das paredes de gabião do Sóter havia desabado, novamente por conta do mau tempo.

Na gestão de Nelsinho Trad (PSD) foi dado andamento para a inscrição da Capital no PAC Pavimentação, prevendo a liberação de R$ 311 milhões para asfalto (novo e recapeamentos) e drenagem. A Avenida Hiroshima, Vila Nascente, Jardim Futurista e a Mata do Jacinto –em fase batizada de Etapa D– estavam entre os bairros contemplados com a pavimentação, assim como o Oscar Salazar, Vida Nova I, José Tavares Couto e Parque Iguatemi. O projeto, porém, só caminhou com seus sucessores –Alcides Bernal (Progressistas) e, principalmente, Gilmar Olarte.

Para a Mata do Jacinto foi fechado o contrato de pavimentação em 24 de junho de 2014, ao custo de R$ 35,5 milhões (valor que chegou a R$ 41,1 milhões em 2017) junto a Equipe Engenharia. Cinco termos aditivos permitiram a prorrogação dos serviços –o último deles de 27 de fevereiro deste ano.

Coube à empreiteira, também, realizar as obras de recape das Avenidas Desembargador Leão Neto do Carmo, Hiroshima e Mato Grosso, cujas obras também “contribuíram” com sedimentos, que agora seguiram para o Córrego Réveillon. A região ainda ganhou uma nova via, a Fadel Iunes, e novas redes de drenagem.

Área do piscinão no Córrego Réveillon mostra danos com chuvas recentes. (Foto: Humberto Marques/Arquivo)
Área do piscinão no Córrego Réveillon mostra danos com chuvas recentes. (Foto: Humberto Marques/Arquivo)

Piscinão – O projeto de drenagem previa, ainda, o piscinão do Réveillon, que ocuparia uma área de 600 metros quadrados. A Prefeitura da Capital, porém, chegou a anunciar em fevereiro a desistência do projeto, que seria substituído pela interligação das redes de drenagem da Leão Neto do Carmo, o que ajudou a amortecer as enxurradas de bairros como o Carandá Bosque e Vila Nascente.

A expectativa era de que o projeto também reduzisse o assoreamento do espelho d’água do Parque das Nações. No entanto, diante dos estudos conduzidos pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a conclusão do piscinão se mostrou a melhor alternativa para barrar os sedimentos, que já haviam lotado o lago secundário no parque –construído justamente para reter a areia mas que, com os novos impactos, não deu conta da demanda.

A obra, conforme antecipou nesta terça-feira o Campo Grande News, será licitada ao mesmo tempo em que tiver início a dragagem do lago principal do Parque das Nações Indígenas. Jaime Verruck e o diretor-presidente do instituto, Ricardo Eboli, esperam que o trabalho conjunto com a Prefeitura da Capital permita revitalizar o espelho d’água até o aniversário da Capital.

Na sequência, as licitações envolveram o piscinão e a limpeza do lago secundário, bem como ações de contenção no Córrego Joaquim Português, na região da Avenida do Poeta (próximo ao Centro de Atendimento ao Migrante). Estudos para este projeto foram licitados ao custo de R$ 34 mil, e apontarão a necessidade de investimento da obra em si.

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