"Ningúem vai esperar morrer": colega defende agente penal em júri por homicídio
Agente penal acredita que colega agiu em legítima defesa após ser agredido a chutes e socos
A primeira testemunha de defesa do agente penal Joseilton de Souza Cardoso, 41 anos, falou sobre o temperamento do colega, “sensível e calmo”, do momento de pânico que a categoria vivia em 2017 e que acredita que ele somente revidou por estar sendo agredido a chutes e socos. "Ninguém vai esperar morrer enquanto é chutado no chão", disse a agente.
Joseilton Cardoso está sendo julgado por ter matado o pedreiro Adilson Silva Ferreira dos Santos com tiro no tórax, durante discussão em show sertanejo, na madrugada de 24 de setembro de 2017. A briga começou por conta de desentendimento na fila do banheiro.
Por videoconferência, a servidora pública federal, que não mostrou todo rosto, falou sobre o réu, com quem trabalhou diretamente por quatro anos. Segundo ela, é companheiro de trabalho “carismático e tranquilo e sempre foi bom colega, sensível e calmo”.
A agente penal lembra que o ano do crime foi período de tensão para a categoria, após execução de três agentes entre 2016 e 2017. “Naquela época todos os agentes federais estavam em pânico, tínhamos medo de morrer, qualquer lugar saímos armado, era época de pânico”.
No dia seguinte ao crime, a agente foi visitá-lo na delegacia onde ele estava detido, em Campo Grande. "Estava bem machucado: lesão na boca, ele ergueu a camiseta e tinha vários roxos no corpo", lembrou.
“Estou do lado dele, entendo a situação; ele me falou que estava apanhando por três rapazes, levava chutes e sentiu que um deles ia pegar a pistola na cintura dele, pegou e efetuou o disparo. Ninguém vai esperar morrer enquanto é chutado no chão”.
A agente também falou da rotina de treinamento deles. “Sempre somos treinados para viver. Em geral o tiro tenta focar em alguma região que a pessoa não revide, treinamos para de fato atingir regiões centrais do corpo para sair vivo”.
O agente penal chegou a ser absolvido pelo crime em agosto de 2019, em decisão do juiz da 1ª Vara do Tribunal, Carlos Alberto Garcete, mas, a acusação recorreu e foi determinado que ele fosse a júri popular.