PM foi transferido do Choque 2 dias após atirar em jovem em frente a tabacaria
Corregedoria abriu procedimento para investigar militar que supostamente trabalhava como segurança do local
O soldado da Polícia Militar, Fábio José Gomes de Castro, que atirou contra Francisco Pereira dos Santos Neto, de 24 anos, na frente de uma tabacaria localizada na Avenida Ernesto Geisel, no último dia 11 de setembro, estava lotado no Batalhão de Choque da Polícia Militar e foi transferido para o BPMGdaE (Batalhão de Guarda e Escoltas), dois dias depois do ocorrido.
A transferência assinada pelo Subcomandante-Geral da Polícia Militar, Renato dos Anjos Garnes, foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 14 de setembro, com efeito retroativo para o dia anterior. Inicialmente ele seria transferido para a 11ª Companhia Independente da PM no Bairro Coophasul, mas a designação final foi corrigida. O militar estava lotado no Batalhão de Choque em Campo Grande desde o dia 21 de junho deste ano.
Somente no dia 16, dois dias após a publicação da transferência, o militar se apresentou a 1ª DP (Delegacia de Polícia), juntamente com um advogado, para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido. Em depoimento, Fábio José negou que era segurança da tabacaria e que foi ao local como cliente, para se divertir e na saída, viu um homem apontando uma arma de fogo para Francisco.
Ainda segundo o militar, vendo a situação, se identificou como policial e desarmou a pessoa, momento em que a arma caiu no chão. Em seguida, o policial afirma que Francisco pegou a arma do chão e começou a atirar contra ele, que revidou. O PM revelou que estava com a arma da corporação, que foi entregue no dia seguinte aos fatos para a Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. A versão apresentada pelo PM será confrontada com as imagens de câmeras de segurança obtidas sobre o dia dos fatos.
Versão contestada - Os amigos da vítima, contaram que o jovem comemorava o aniversário, e na saída se envolveu em briga com pessoa desconhecida e os dois passaram a trocar tiros. Segundo os familiares de Francisco, os seguranças do local o agrediram e ele reagiu, momento em que a arma de um segurança caiu, na sequencia o jovem pegou a arma e tentou disparar, mas não conseguiu.
Desesperado com a situação, a vitima dos disparos teria corrido direção a sua caminhonete Toyota Hilux, estacionada na rua, próximo ao local, que também foi atingida. Mesmo ferido, conseguiu dirigir e parar na Rua Brilhante, onde foi socorrido.
No veículo, a Polícia Militar encontrou revólver calibre 38, o que motivou a prisão do jovem porte ilegal de arma de fogo. A caminhonete que a vítima conduzia foi alvejada por 7 disparos (no lado do motorista, passageiro, capô e para-brisa). O carro foi periciado e dentro foram apreendidos quatro telefones celulares, uma garrafa de whisky vazia e duas de energético.
"Desde a data dos fatos a defesa teve conhecimento que um dos atiradores seria um policial militar que estaria no local a trabalho", frisou a advogada da vítima, Herika Ratto, contestando a versão apresentada pelo militar.
Inquérito na corregedoria – A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul confirmou que a corregedoria instaurou procedimento para investigar a conduta do militar e apurar se de fato ele prestava serviços como segurança do local. O procedimento segue em sigilo e o prazo ainda está em curso.
Em relação a mudança na lotação do militar logo após o acontecimento, a PM afirmou que se trata de “um procedimento administrativo de rotina”, tendo em vista que Fábio José ainda estava em fase de adaptação na unidade do Choque.