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Capital

Polícia ainda não indiciou envolvidos na morte de garoto em lava-jato

Wesner morreu no dia 3 de fevereiro, após ser agredido com uma mangueira de ar

Luana Rodrigues | 05/04/2017 17:57
Thiago Giovanni Demarco Sena, 20 anos, e Willian Henrique Larrea, 30, estão em liberdade. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Thiago Giovanni Demarco Sena, 20 anos, e Willian Henrique Larrea, 30, estão em liberdade. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Wesner, de 17 anos, que foi vítima de agressão em lava jato (Foto: Arquivo pessoal)
Wesner, de 17 anos, que foi vítima de agressão em lava jato (Foto: Arquivo pessoal)

A Polícia Civil ainda não encerrou o inquérito sobre a morte de Wesner Moreira da Silva de 17 anos. Com isso, mais de dois meses após o crime que ocorreu em um lava-jato de Campo Grande, os envolvidos Thiago Giovanni Demarco Sena, 20 anos, e Willian Henrique Larrea, 30, não foram indiciados.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Paulo Sérgio Lauretto, da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), a polícia espera a chegada de documentos da Prefeitura, referentes ao atendimento de Wesner no posto de saúde, no dia em que ele foi ferido, além de laudos sobre o caso.

“Nós encaminhamos para o Ministério Público o inquérito e solicitando dilatação de prazo, pois estou esperando documentos que solicitamos para a Prefeitura, de familiares e alguns laudos. Quando recebermos o inquérito de volta, faremos a juntada de informações e só ai o indiciamento”, explicou Lauretto.

O delegado afirmou ainda que ainda não definiu por quais crimes Thiago e Willian serão indiciados, pois precisa do inquérito completo para chegar a uma conclusão.

Impasse - A falta de consenso sobre a natureza do crime que resultou na morte do adolescente fez com que o Justiça negasse por duas vezes a prisão da dupla.

Thiago e Willian tiveram pedidos de prisão encaminhados à Justiça Estadual. Porém, no dia 16 de fevereiro, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, declinou do caso e o encaminhou para outra vara.

O motivo foi o entendimento dele de que caso se trata de um homicídio doloso, ao invés de uma lesão corporal grave que resultou em morte posterior. Assim, o caso parou nas mãos de Carlos Alberto Garcete, que negou a prisão dos envolvidos no dia 17 do mês passado.

O caso foi encaminhado ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), que determinou que o MPE decidisse sobre como prosseguiria com a acusação.

Decisão do MPE - Para o Ministério Público Estadual, os dois devem ser julgados por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) contra Wesner.

Um depoimento dado por Wesner no leito de morte foi determinante para que o procurador-geral Paulo Cezar dos Passos tomasse a decisão. Tanto a polícia, quando promotores e juízes ainda tinham dúvidas sobre se o caso deveria ser tratado como lesão corporal seguida de morte ou como homicídio.

“Levei em conta depoimento da vítima no leito de morte, na agonia, algo que não vai poder ser dito novamente, um momento que não pode ser repetido. A vítima disse que não era uma brincadeira”, destacou.

Para o chefe do MPE, o crime é de homicídio doloso, porque Thiago e Willian assumiram o risco de matar o adolescente quando o seguraram e usaram a mangueira contra ele. “Pela Constituição, é um crime doloso contra vida e deve ser julgado pelo Tribunal do Júri.

A promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani, da 18ª Promotoria de Justiça, é responsável pela acusação. O processo fica tramitando na 1ª Vara do Tribunal do Júri, sob o comando do juiz Carlos Alberto Garcete.

Crime – Quem fez a denúncia contra a Thiago e Willian foi o primo da vítima, de 28 anos, no dia 3 de fevereiro, mesmo dia do crime. No relato à delegacia, o rapaz disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.

Wesner teve hemorragia grave e uma parada cardiorespiratória na Santa Casa no dia 14 de fevereiro. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, onde o adolescente de 17 anos estava internado há 11 dias, ele morreu às 13h35 depois que médicos tentaram reanimá-lo por 45 minutos.

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