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Capital

Policiais traziam de whisky a palmito da fronteira para família Name

Já Gaeco aponta que presos traziam armas do Paraguai para organização criminosa

Aline dos Santos e Jones Mário | 23/10/2019 13:49
Depoimentos dos policiais civis Elvis Elir Camargo Lima e Frederico Maldonado Arruda foram gravados.
Depoimentos dos policiais civis Elvis Elir Camargo Lima e Frederico Maldonado Arruda foram gravados.

Presos na operação Omertà, onde são apontados como traficantes de armas, os policiais civis Elvis Elir Camargo Lima e Frederico Maldonado Arruda relataram atividades bem mais corriqueiras na relação entre eles, a família Name e a fronteira com o Paraguai.

Em depoimentos de pouco mais de dez minutos, eles contaram aos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) que traziam whisky, vinho, cobertores e palmitos.

Investigador da Polícia Civil há 13 anos, Elvis Elir está lotado em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, desde 2016. Questionado sobre se conhece Jamil Name e Jamil Name Filho, presos na operação como líderes de organização criminosa - ligada a grupo de extermínio e milícia armada-, o policial diz ter conhecimento esporádico. “Quem não conhece o senhor Jamil aqui em Campo Grande?”, replicou.

Se desculpando por soar repetitivo, ele enfatiza que não tem amizade com Name, mas atendia a pedidos de encomendas: “Ele pede para gente trazer um whisky, um vinho, um palmito que ele gosta muito. É a ligação que tem. Não era ele que pedia. Era o Vladenilson [policial civil preso]. Outras vezes dona Tereza [Name] pedia para trazer cobertor. Era simplesmente mais um que pedia”, diz, sobre a rotineira solicitação de encomendas para quem está em Ponta Porã.

Esqueceu o celular - Em 2012, Elvis foi preso pelo Gaeco por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Durante a investigação, o policial preferia fazer ligações com o aplicativo WhatsApp, medida para evitar interceptação, e se desfez do celular no dia da operação Omertà, realizada em 27 de setembro.

Sobre esse dia, ele conta que ficou sabendo do mandado de prisão quando estava no salão, onde foi raspar a cabeça, rotina que mantém duas vezes por semana. Na sequência, relata que foi até à delegacia e pediu que um delegado o trouxesse até o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), em Campo Grande.

Nesse percurso todo, perdeu o aparelho celular, que acredita ter ficado no sofá do salão em Ponta Porã. O celular está extraviado.

Questionado pela defesa, Elvis Elir foi enfático ao negar ter conhecimento de que Jamil Name Filho foi escoltado por policiais civis em Ponta Porã. No pedido de prisão, consta um diálogo em que funcionário de Name relata que o visitante foi recepcionado por policiais : “(...) parece que ia chegar General da América, que nem aquele lá do Presidente dos Estados Unidos, o Trump”.

“Primeiro, Polícia Civil não é para fazer recepção para ninguém. Segundo, porque não tenho nada a ver com a vida dele. Mas como mais antigo do SIG [Serviço de Investigação Geral], digo que isso não existiu de maneira nenhuma. Não pode pegar viatura e dar volta”, diz Elvis Elir.

Choro - Também policial civil, Frederico Maldonado Arruda é lotado na Polinter (Delegacia Especializada de Polícia Interestadual e Capturas). Em depoimento ao Gaeco, contou que também trazia encomendas como bebidas e cobertores para os Names. Ele cita que os conheceu durante campanha política de Tereza Name, que foi vereadora em Campo Grande.

Questionado se já recebeu pedido para trazer armas, ele nega qualquer solicitação de crime. Ao fim do depoimento, se emociona ao lembrar de um amigo, morto com 30 tiros de fuzis. Ele conta que o episódio deixou marcas e exige que utilize medicamentos e consultas com psiquiatra.

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