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Capital

Preso há 3 meses em “rolê” de blindado é alvo de ofensiva contra o jogo do bicho

Odiney de Jesus Leite Júnior foi preso nesta quinta-feira e é apontado como "gerente" do MTS na Capital

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 26/09/2024 19:50
Odiney de Jesus Leite Júnior (de costas) quando foi preso em junho deste ano (Foto: Direto das Ruas)
Odiney de Jesus Leite Júnior (de costas) quando foi preso em junho deste ano (Foto: Direto das Ruas)

Preso há exatamente 90 dias “dando volta” com veículo de luxo blindado em Campo Grande, homem que se apresentou à Polícia Civil como empresário do ramo de apostas esportivas voltou para a prisão nesta quinta-feira (26). Desta vez, por força de um dos mandados de prisão preventiva (por tempo indeterminado) na Operação Forasteiros.

Odiney de Jesus Leite Júnior, de 43 anos, é um dos principais alvos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) nesta nova ofensiva contra o jogo do bicho em Campo Grande.

Ele foi preso nesta manhã por equipes do Gaeco e Batalhão de Choque no apartamento onde mora no Jardim Seminário. Durante as buscas, nada de ilícito foi encontrado no local, mas itens de interesse para a operação foram apreendidos.

Após as buscas e a leitura do mandado de prisão, o empresário foi levado para delegacia da Capital, onde permanecia até o início desta noite.

Odiney de Jesus Leite Júnior em foto publicada em maio nas redes sociais (Foto: Instagram/Reprodução)
Odiney de Jesus Leite Júnior em foto publicada em maio nas redes sociais (Foto: Instagram/Reprodução)

Gerente - Conforme apurado pelo Campo Grande News, o alvo é conhecido como “Barba” e gerencia os pontos de apostas do grupo que se autointitula “MTS”. De acordo com a investigação preliminar à deflagração da Operação Forasteiros, as lideranças da organização criminosa são de São Paulo e se instalaram na Capital para explorar jogos de azar – o “bicho” e as chamadas máquinas caça-níqueis –, “praticando outros crimes necessários para viabilizar a atividade ilícita principal”.

“O grupo, que já explorava essa atividade ilícita em outras localidades do país, passou a atuar nesta Capital pelo menos a partir de meados de 2021, aproveitando-se do vácuo de poder ocasionado pela queda de outra organização criminosa que aqui explorava, há décadas, essas modalidades de jogo e que foi debelada pela Operação Omertà”, diz nota divulgada pelo Gaeco nesta manhã.

“Barba” é personagem de diálogos interceptados pelo Gaeco em outra investigação, que teve como foco grupo que tentava tomar o território “dominado” pelo MTS desde a derrocada da família Name. Em relatórios e peças processuais da Operação Successione, o apelido aparece como de pessoa que ainda não havia sido identificada, mas que seria vítima de emboscada planejada por integrantes da organização rival.

Equipes do Dracco e Gaeco em um dos endereços "visitados" nesta quinta-feira (26) (Foto: Gaeco/Divulgação)
Equipes do Dracco e Gaeco em um dos endereços "visitados" nesta quinta-feira (26) (Foto: Gaeco/Divulgação)

Movimentação de milhões – Apesar de parecerem inofensivos, os jogos de azar tiram milhões de circulação na economia local e estão associados também ao financiamento de outras atividades criminosas.

O Gaeco aponta ainda que a organização “alvo da vez” instalou mais de mil bancas de apostas pela cidade, que arrecadavam pelo menos R$ 5 milhões por mês.

Para cumprir sete ordens de prisão e 30 de busca nesta quinta-feira, a Operação Forasteiros também teve apoio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Havia alvos na Capital, em Aquidauana e em quatro cidades de fora do Estado – São Paulo/SP, Pompeia/SP, Marília/SP e Araguaína/TO.

Dinheiro, munições e máquinas caça-níqueis estão entre os itens apreendidos.

Dinheiro em espécie encontrado com um dos alvos da operação (Foto: Gaeco/Divulgação)
Dinheiro em espécie encontrado com um dos alvos da operação (Foto: Gaeco/Divulgação)

Há três meses – No dia 26 de junho deste ano, ou seja, há exatos três meses, Odiney foi preso no fim da tarde de uma quarta-feira. Ele chamou a atenção de equipe do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), que fazia ronda pelo Jardim Tijuca, por estar circulando pela região a bordo de um Audi Q5 preto, carro de luxo blindado.

Parado pelos policiais militares na Avenida Nasri Siufi, segundo descrito em boletim de ocorrência, o motorista do carrão ficou nervoso e policiais constataram que ele tinha extensa ficha criminal – passagens por crimes como tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Por isso, foi feita busca no veículo e foi constatada adulteração no chassi.

Ainda durante a abordagem, ao investigarem mais a fundo nos sistemas policiais, o Bope descobriu pelo chamado “Muralha Paulista” que o Audi havia sido furtado de um lava-rápido de Campinas (SP), em setembro de 2022. O veículo está em nome de empresário dono de garagem em São Paulo.

Odiney acabou preso em flagrante, passou por audiência de custódia e deixou a prisão após pagar R$ 10 mil de fiança.

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