Prevalência de mosquitos que evitam dengue passa dos 60% em vários bairros
Projeto soltou em dezembro do ano passado vários Aedes aegypti com bacteria Wolbachia
Dez meses após a realização da soltura de mosquitos Aedes aegypti - transmissor da dengue, chikungunya e zika - com a bactéria Wolbachia, a prevalência desses insetos em cinco regiões de Campo Grande já ultrapassa a marca de 60%, conforme monitoramento feito pela equipe que comanda o projeto na capital sul-mato-grossense.
Iniciado em dezembro do ano passado, a soltura dos mosquitos com a Wolbachia visa combater a proliferação das doenças infecciosas transmitidas pelo Aedes. No caso, a bactéria presente nos insetos impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya, além da febre amarela, se desenvolvam e assim, sejam transmitidos aos humanos.
Entre os bairros que fazem parte da primeira fase do Projeto Wolbachia, estão o Guanandi, Aero Rancho, Batistão, Coophavilla II, Jardim Centenário, Lageado e Tijuca - ambos localizados nas regiões sul e sudoeste da cidade.
Originalmente, a referida bactéria - que é presente em cerca de 60% dos insetos - não é encontrada no organismo dos Aedes aegypti. Contudo, com elas no corpo, os mosquitos acabam se reproduzindo e repassando-a uns aos outros.
Assim, de forma gradativa, vai se aumentando o número de mosquitos com a Wolbachia, conforme verificado em coleta realizada pela equipe. Para isso, são usadas ovitrampas, armadilhas para mosquitos usadas no dia a dia pelos agentes.
De todos os bairros da primeira etapa, apenas o Lageado e Tijuca possuem uma prevalência do mosquito com Aedes considerada média, entre 40% e 59%. Mesmo assim, o resultado é considerado satisfatório, visto que há uma tendência de crescimento.
O método - Chamado RCT (sigla que em português significa Estudo Clínico Randomizado Controlado), pesquisa feita em Yogyakarta, cidade da Indonésia, aponta uma redução de 77% na incidência de dengue e redução em 86% de hospitalizações em decorrência da doença em áreas tratadas com a bactéria Wolbachia.
No Brasil, dados preliminares observacionais apontam redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a liberação dos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, introduzida por pesquisadores do WMP, iniciativa global sem fins lucrativos, que trabalha para proteger a comunidade global.