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Capital

Réu por matar delegado chora, diz estar endividado e nega crime

José Moreira Freire foi denunciado como autor dos disparos que matou o delegado aposentado Paulo Magalhães Araújo

Geisy Garnes e Bruna Kaspary | 15/08/2018 13:07
Em depoimento José Moreira Freire negou o crime (Foto: Bruna Kaspary)
Em depoimento José Moreira Freire negou o crime (Foto: Bruna Kaspary)

Em depoimento José Moreira Freire - denunciado por efetuar os disparos que mataram o delegado aposentado Paulo Magalhães Araújo - negou o crime e afirmou que sequer passou perto da escola em que a vítima foi assassinada no dia 25 de junho, de 2013. Diante do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, o réu alegou ter fugido com medo de ser morto por ter o nome envolvimento em outro caso, chorou e declarou estar passando por problemas financeiros.

Aos jurados, José Moreira lembrou que na época era Guarda Municipal e também trabalhava como segurança do El Kadri. No dia da morte do delegado, o réu afirmou que estava a caminho do hospital, que havia acabado de sair da casa de Omar Kadri e por isso não tinha como ter sido ele o autor dos disparos que mataram Paulo Magalhães.

José ainda explicou o porque fugiu após o crime. Ele contou que cumpria plantão na escola agrícola de Campo Grande quando foi avisado por um desconhecido que seria morto em um “falso ato de resistência”. Na época, o então guarda municipal também teve o nome envolvido na morte de um policial militar, e acreditou estar sendo ameaçado por isso.

“Eu sei como funciona o modo operandis da polícia, e sei que se você mexer com um deles você é julgado, você não vem parar aqui [no júri], mas acontece algo do tipo”, ressaltou o réu. Desesperado, ele teria pedido a um amigo para cobrir o plantão na escola agrícola, entregou um dinheiro para a mulher e fugiu para a casa de um amigo, no centro da Capital.

No dia seguinte, ao ver o nome nos jornais como foragido, procurou um advogado. Foi o defensor que teria conversado com o delegado responsável pelo caso e transmitido o recado da polícia a ele, de que estava tudo certo se colaborasse. “Não fui eu, não tinha com o que colaborar. Eu sei que quase todos os homicídios que ficaram sem autoria naquela época, jogaram para cima de mim. Eles vieram com o roteiro para que eu confirmasse”.

Emocionado, José chorou ao lembrar que precisou de ajuda de amigos e até professores da Escola Agrícola para conseguir pagar os honorário do advogado, que está passando por problemas financeiros desde passado e que a esposa passa por um tratamento contra o câncer.

Delegado foi executado no Jardim dos Estados, no ano de 2013, em Campo Grande (Foto: Arquivo)
Delegado foi executado no Jardim dos Estados, no ano de 2013, em Campo Grande (Foto: Arquivo)

Provas - Alberto Alberto Vieira Rossi, delegado que na época do crime comandava o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros ), também prestou depoimento nesta manhã. Segundo ele, as equipes chegaram a José Moreira pela motocicleta usada no homicídio.

Com informações apuradas pelo DIP (Departamento de Inteligência Policial), os policiais envolvidos na investigação descobriram que a moto usada no crime era uma CG 300 vermelha. Em levantamentos, descobriram que haviam apenas três motos com as mesmas características em Campo Grande, duas legais e uma “bob”, essa pertencia a José.

Também pelo DIP foi constatado que a mesma moto e um Fiat Palio preto refizeram o trajeto da casa de Paulo Magalhães a escola em que ele foi assassinado várias vezes, desde às 7 horas daquele 25 de junho. Na data, o piloto da moto foi identificado como Rafael e o passageiro, e autor dos tiros, como José.

Em júri, o guarda municipal confirmou que tinha uma motocicleta vermelha, mas que o modelo era outro, uma Honda XRE 300, de fato parecida com a usada no crime. “Confirmamos todas as informações, a única coisa que não conseguimos confirmar foi o recebimento de R$ 500 mil”, detalhou Rossi.

Diante do juiz, o advogado de José chegou a questionar o delegado a veracidade das informações repassadas pelo DIP e questionou se os delegados do departamento também eram alvos das recentes denúncias de Paulo Magalhães. Em resposta a testemunha confirmou, três deles estavam na lista do então delegado.

Rossi lembrou ainda que no dia anterior ao cumprimento dos mandados de prisão nas casas dos dois suspeitos, um corpo, sem as mãos, os pés e a cabeça, foi encontrado. O tronco estava carbonizado e a identificação só foi possível por DNA. Um segundo relatório do DIP apontou que essa pessoa era o Rafael e com o exame foi comprovado que era ele.

Para ele, a execução de um dos envolvidos foi um alerta aos outros suspeito, uma retaliação, já que tudo indicava que Rafael seria o “elo fraco” entre os executores. “Ele tinha um Aud branco, que não era compatível com a renda dele e poderia estar falando demais”, acrescentou.

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