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Capital

Trio vira réu por matar pecuarista para lucrar 100 mil

Funcionária da vítima, Lucimara Rosa Neves, 43, é acusada de planejar roubo; filha e cunhado ajudaram

Anahi Zurutuza | 22/08/2022 19:43
Andreia Aquino Flores, de 38 anos, que morreu durante assalto simulado. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Andreia Aquino Flores, de 38 anos, que morreu durante assalto simulado. (Foto: Reprodução das redes sociais)

Lucimara Rosa Neves, 43, e Jéssica Neves Antunes, 24, e de Pedro Benhur Ciardulo, 20, já são réus pelo latrocínio (roubo seguido de morte) da pecuarista Andreia Aquino Flores, morta aos 38 anos em assalto simulado. Conforme a acusação, empregada da família Flores há quase duas décadas, Lucimara foi quem arquitetou o plano e pretendia lucrar pelo menos R$ 100 mil.

A denúncia, assinada pela promotora de Justiça, Candy Marques Moreira, chegou ao Judiciário no dia 15 de agosto e foi recebida dois dias depois, por decisão do juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal. Agora, testemunhas de acusação e defesa, além dos réus devem ser ouvidos em juízo, para só então magistrados chegar a um veredicto. O processo tramita em sigilo.

Andreia foi morta por asfixia mecânica, causada por esganadura e obstrução das vias aéreas superiores. De acordo com a apuração pela Polícia Civil e a acusação, Pedro Benhur, que “fingia” ser o assaltante que havia rendido as funcionárias de Andreia, foi quem usou um pano de prato para tapar a boca da vítima quando ela reagiu a abordagem que terminou em morte.

Mas, segundo a investigação, Lucimara foi a mentora do assalto simulado. A ideia era conseguir que a vítima fizesse Pix de R$ 50 mil. Pela “ajuda” dos comparsas, a própria filha Jéssica e o cunhado, “Mah”, como era conhecida a funcionária que trabalhava como uma espécie de governanta na casa da pecuarista, pagaria R$ 20 mil – R$ 10 mil para cada. Os outros R$ 30 mil ficariam com Lucimara, que usaria o dinheiro para quitar dívidas com agiotas.

A mentora do crime também contou à polícia que a intenção de simular o assalto era fragilizar Andreia. Ela precisava conseguir que a patroa assinasse documento relacionado a uma negociação de gado e em troca, receberia outros R$ 50 mil da irmã da vítima, para quem também já trabalhou. A ideia foi então lucrar com o assalto simulado e depois, fazer Andreia acreditar que a irmã havia enviado o criminoso como uma ameaça de morte. A polícia descartou a possibilidade da ex-patroa de Lucimar ter encomendado o crime.

Chegada da perícia ao local do crime, depois que bombeiros constataram o óbito, no dia 28 de julho deste ano. (Foto: Paulo Francis)
Chegada da perícia ao local do crime, depois que bombeiros constataram o óbito, no dia 28 de julho deste ano. (Foto: Paulo Francis)

Cronologia – Andreia foi assassinada no condomínio onde morava, no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Lucimara contou que chegou à casa da patroa por volta das 6h40. Narrou à polícia que encontrou Andreia ainda acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Jéssica afirma que chegou às 7h e as duas trabalharam normalmente.

“Mah” disse que limpou a casa, recolheu garrafas de bebida, lavou a calçada, passou roupas e depois disso, chamou sua filha Jéssica para ir às compras, em atacadista na Rua Marquês de Lavradio. A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa, às 10h16.

Conforme o plano, foi no estacionamento que Pedro se juntou às duas. Do mercado, o trio passou em loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar a arma de brinquedo que seria usada na encenação. Depois, passaram em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiram para o condomínio.

Já na residência da pecuarista, segundo as duas depoentes, primeiro, entraram Pedro e Jéssica, fingindo estar refém. Ainda de acordo com os depoimentos, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu.

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