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Capital

Vizinha arrecada materiais para moradores vindos da Cidade de Deus

As doações dos materiais de construção podem ser entregues no Clube de Mães do bairro ou aos moradores no local

Fernanda Yafusso | 08/03/2016 19:33
Moradores precisam de materiais de construção para não passar noites embaixo de lona rasga fácil (Fotos Alan Nantes)
Moradores precisam de materiais de construção para não passar noites embaixo de lona rasga fácil (Fotos Alan Nantes)

Ao presenciar a situação das famílias que receberam um kit barraco para construírem suas casas, uma das moradoras do bairro Vespasiano Martins, vizinha da área para onde estão sendo removidas algumas famílias da Cidade de Deus, decidiu nesta terça-feira (8), organizar uma campanha de arrecadação de materiais de construção para os novos vizinhos.

O maior problema encontrado pelos moradores, segundo eles, é a falta de materiais para construção de suas casas. Nesta terça prosseguiu o trabalho de desocupações das famílias da favela Cidade de Deus, na região do Dom Antônio Barbosa, para o terreno no bairro Vespasiano Martins, iniciado um dia antes.

A alternativa encontrada pela moradora há 15 anos do bairro Vespasiano Martins, Joselina Chimedes, 30, foi o pedido de doação. Ela afirma que mesmo não tendo condições financeiras para ajudar, o que importa é se solidarizar com os novos moradores.

"Muitos estão sem material, só tem o kit barraco, que não ajuda em nada. Quem tiver material de construção novo ou usado e quiser doar, pode deixar na sede do Clube de Mães do bairro Vespasiano ou então levar diretamente para eles na nova moradia. Até porque eles não podem ficar por tempo indeterminado morando embaixo de lonas", conta.

De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, o município disponibilizou um crédito para compra de materiais de contrução através de um financiamento no Banco Canindé.

Porém, esse crédito com valor ainda não informado pela prefeitura só poderá ser solicitado após a completa estruturação das famílias no local, já que para realizar esse financiamento o morador precisa de um comprovante de residência, que até o momento ainda não foi emitido.

Segundo a ex-moradora da favela Cidade de Deus, Aparecida da Conceição Guimarães, 40, apesar de se sentir segura pela nova moradia, ficou decepcionada com a qualidade da lona que recebeu. "Aqui pelo menos eu posso dormir tranquila sem ficar com medo de ser despejada do dia pra noite. Mas a lona que recebi agora há pouco já rasgou. E agora se chover?", questiona a moradora.

Moradores do bairro Vespasiano Martins improvisam a construção de novos barracos (Fotos Alan Nantes)
Moradores do bairro Vespasiano Martins improvisam a construção de novos barracos (Fotos Alan Nantes)
Móveis dos novos moradores ficam ao relento ou cobertos com lonas que, segundo eles, rasgam fácil (Fotos Alan Nantes)
Móveis dos novos moradores ficam ao relento ou cobertos com lonas que, segundo eles, rasgam fácil (Fotos Alan Nantes)

Por que mudar? - Durante o evento de lançamento de ações para as mulheres no Horto Florestal, ocorrido nesta terça, o prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP) explicou que não poderia ser mantida a condição de moradia em que estava as famílias, e por esse motivo foi realizada a remoção para o Vespasiano e outros bairros.

“Com certeza foi a melhor solução, do jeito que estava não dava para continuar. Essas famílias vão ser assentadas em um lugar regularizado e vamos ajudá-las a construir a suas casas com um sistema de mutirão”, disse.

Todas as 390 famílias transferidas terão de pagar pelos terrenos e a cobrança das parcelas terá início em janeiro de 2017. As transferências foram realizadas para os bairros Los Angeles e Dom Antônio, além do Vespasiano Martins.

Porém, a prefeitura não divulgou ainda o valor dos lotes, mas afirmou que será realizado um estudo individual para estabelecer o preço – conforme o tamanho do terreno.

O futuro - No local onde ainda estão as 357 famílias, na Cidade de Deus, não poderá ser reocupado pois, segundo a Prefeitura, será feito uma cortina arbórea, que tem como objetivo acelerar o processo de regeneração natural do ambiente e funcionar como um corredor ecológico.

Os novos locais serão de propriedade dos moradores e, segundo a Prefeitura, eles passaram de invasores para donos de suas casas. Já que no novo local, citando o bairro Vespasiano, já tem uma estrutura montada com água potável e energia elétrica.

Recusa - Uma das moradoras da Cidade de Deus também relatou que quando vai até o posto de saúde do Parque do Sol, leva um comprovante de residência de sua mãe, que mora em uma das casas no residencial Pedro Teruel. Isso ocorre, porque segundo a moradora da favela, o posto se recusa a atendê-los por não terem um endereço fixo reconhecido.

Outra moradora, Érica Sales Gregório, 21 anos, explica que o atendimento no posto Parque do Sol foi recusado ao seu filho de apenas 4 meses. "Se a gente precisa de médico tem que ir lá na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Universitário. E falaram no posto que é ordem do prefeito para não atender os favelados”, afirmou.

De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), o que aconteceu realmente foi que alguns moradores procuraram o posto para atendimento de urgência e emergência da região, o atendimento na realidade deve ser disponibilizado por UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centro Regional de Saúde).

"Estamos averiguando se houve essa postura por parte de algum servidos, pois essa atitude não corrobora o determinado pelo prefeito Alcides Bernal ou pelo secretário municipal de Saúde, Ivandro Corrêa Fonseca", explica.

A Secretaria ainda estranha a denúncia de não atendimento aos pacientes e afirma que os motivos serão investigados e que, segundo a Secretaria de Saúde, os moradores do Parque do Sol possuem cadastro no Sistema Único de Saúde e têm que ser atendidos pelo município.

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