Coração, rim e fígado de jovem morto são enviados para salvar vidas em SP
Paciente de Campo Grande também receberá um dos rins de Lucas Matheus, que teve morte cerebral aos 21 anos, dois dias depois de acidente
O coração, o fígado e um dos rins de Lucas Henrique Souza Matheus, de 21 anos, que sofreu morte cerebral após ser atropelado na madrugada de sábado (25), foram captados na Santa Casa de Campo Grande e já estão a caminho de São Paulo. O outro rim do jovem será transplantado no mesmo hospital da Capital.
No Incor (Instituto do Coração) de São Paulo, um homem de 50 anos espera para ter a vida salda pelo coração de Lucas. “O coração dele está tão severamente comprometido, que ele precisa de medicamentos para continuar vivo”, explicou o médico Ronaldo Honorato, da equipe do Incor.
O fígado e um dos rins serão transplantados para pacientes do Hospital das Clínicas. Já em Campo Grande, uma mulher passará por cirurgia ainda na tarde desta terça-feira (28).
As córneas serão armazenadas no banco da Santa Casa.
‘Operação de guerra’ – A captação dos órgãos começou a ser organizada às 23h de ontem (27), depois que foi confirmada a morte cerebral de Lucas. O trabalho mobilizou ao menos 50 profissionais – 21 deles estavam na sala de cirurgia da Santa Casa nesta manhã.
A equipe do Incor veio até a Capital por um avião fretado pelo Governo do São Paulo e os médicos responsáveis pela captação do fígado foram trazidos pela FAB (Força Aérea Brasileira).
O cirurgião transplantador do Incor explicou que o coração é o órgão mais delicado, tem prazo de quatro para ser transplantado.
A cirurgia na Santa Casa começou por volta das 10h30 e terminou pouco depois do meio-dia. Em São Paulo, segundo o médico, o coração é levado sob a escolta da equipe de batedores da PM (Polícia Militar) para chegar o mais rápido possível no Incor.
“Mas nada disso não seria possível se a família não tivesse a Bondade o amor ao próximo que eles tiveram. Mesmo neste momento de dor eles entenderam o gesto e estão compartilhando os órgãos do filho dele”, afirmou Ronaldo Honorato.
O médico aproveitou para fazer um apelo a outras famílias. “Quanto mais órgãos forem doados, maiores chances de transplantes, 40% dos receptores morrem a espera de órgãos na fila”, destacou.
O acidente - Lucas foi atingido por um Hyundai HB20, conduzido pelo estudante de Medicina de 24 anos, preso por embriaguez no momento do acidente. A vítima atravessava a via na faixa de segurança, localizada na Ceará com a Rua Euclides da Cunha, quando foi atropelada pelo acadêmico que, segundo testemunhas, dirigia em alta velocidade. Lucas acabou arremessado a cerca de 10 metros.
O sinal estava verde para o HB20. Rodrigo não negou socorro, mesmo assim, o delegado que atendeu a ocorrência resolveu manter o motorista preso porque teste do bafômetro comprovou embriaguez. O acadêmico foi solto na mesma noite da prisão, após pagar fiança de 54 salários mínimos, o equivalente a R$ 50.598.