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Cidades

CRM já pagou R$ 466 mil em indenizações a vítimas de Rondon

Conforme o processo, o Conselho Regional de Medicina foi notificado, pela primeira vez, em 1992 sobre a imperícia médica de Alberto Rondon

Aline dos Santos | 09/07/2018 10:49
Rondo foi deputado e trabalhou para planos de saúde. (Foto: Reprodução/SBT)
Rondo foi deputado e trabalhou para planos de saúde. (Foto: Reprodução/SBT)

Sem mais possibilidades de recursos na Justiça, o CRM/MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) começou a indenizar as mulheres mutiladas em cirurgias por Alberto Jorge Rondon de Oliveira.

Agora um médico cassado, ele atuou até o fim da década de 1990, quando foi denunciado. A reportagem do Campo Grande News apurou que já foram pagos pelo menos R$ 466 mil. 

Levantamento da reportagem no Portal da Transparência do CRM, no período de janeiro de 2017 a março de 2018, mostra que o conselho pagou três indenizações, que juntas somam R$ 372 mil: R$ 247 mil em 4 de dezembro de 2017; R$ 65 mil em 5 de março de 2018 e R$ 60 mil em 20 de março de 2018.

Outros R$ 94 mil foram pagos, no mesmo período, para custear cirurgias, próteses mamárias, perícias, terapia, consultas e exames para as vítimas.

Em março, o Campo Grande News apurou que o conselho precisava indenizar 200 vítimas e o valor chegava a R$ 60 milhões. Sem todo o dinheiro, o caminho era acordo na Justiça Federal com as pacientes. Na ocasião, o CRM informou que não se manifestaria sobre o processo. A mesma conduta de silêncio foi adotada nesta segunda-feira (dia 9) após contato com a reportagem.

No demonstrativo de despesa, um dos quesitos do Portal da Transparência, os pagamentos relativos a acordos e procedimentos médicos são identificados como “Caso Rondon”. Fora os três acordos, há outros processos em fase de perícia para indenização.

Rondon, que já foi deputado estadual ,atuou como cirurgião plástico por diversos anos até o fim de 1999. Ele atendia em clínica particular, plano de saúde e se apresentava como cirurgião plástico, mas não tinha formação.

Recortes de jornais sobre o Caso Rondon
Recortes de jornais sobre o Caso Rondon

Demora - Conforme o processo, o Conselho Regional de Medicina foi notificado, pela primeira vez, em 1992 sobre a imperícia médica de Alberto Rondon.

Contudo, o médico foi cassado apenas em 17 de fevereiro de 2001. Posteriormente, a decisão foi confirmada em 11 de abril do ano seguinte pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). Desta forma, a Justiça condenou o conselho, responsabilizando-o solidariamente pela reparação dos danos às vítimas

O caso teve tamanha proporção que o ministro da Saúde convocou médicos cirurgiões plásticos de São Paulo e do Paraná para atuarem em cirurgias reparadoras nas ex-pacientes de Alberto Rondon. Em sua defesa, Rondon afirmava que as vítimas não teriam atendido às recomendações médicas.

Feridas - “Tristes e reveladoras as fotos do pós-operatório juntadas aos autos, nas quais se vislumbram deformidades nos seios e região abdominal das pacientes, cicatrizes abertas e infeccionadas, formação de quelóides, ferimentos com sangue e purulentos”, informa o processo. Imagens da época mostram mulheres mutiladas.

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