Após depoimento sobre morte de jornalista, Neneco vai para presídio
O ex-prefeito da cidade paraguaia de Ypejhú, Vilmar Acosta Marques, o Neneco, que ficou oito meses preso em Mato Grosso do Sul e foi extraditado nesta terça-feira (17) para o Paraguai, foi levado na manhã desta quarta para a penitenciária de Tacumbú, em Assunção, capital paraguaia. O presídio é o maior do Paraguai. Neneco é o interno de número 3.940.
Ele passou a noite na sede de um grupo especial da polícia paraguaia e na manhã desta quarta foi interrogado pela promotora Sandra Quiñónez, que cuida do processo sobre o assassinato do jornalista Pablo Medina e de sua acompanhante, Antonia Almada.
Os dois foram mortos por pistoleiros no dia 16 de outubro do ano passado, na zona rural de Villa Ygatimí, Departamento de Canindeyú, próximo a Mato Grosso do Sul. Neneco é apontado como mandante do crime por Medina denunciar seus crimes em Ypejhú.
De acordo com o jornal ABC Color, Neneco vai ficar isolado dos outros presos. Ontem, durante a extradição de Vilmar Acosta da carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande para o país vizinho, o Ministério Público paraguaio deu garantias de segurança ao ex-político do Partido Colorado.
No Paraguai, Neneco é acusado de 23 assassinatos e apontado como importante narcotraficante da região de fronteira.
Segurança reforçada – O diretor da penitenciária, Luis Barreto, informou ao ABC Color que Neneco será mantido com segurança reforçada, em um sistema especial de reclusão. "Temos informações da inteligência da polícia que presos perguntaram se ele estava ou não no presídio. Evidentemente é uma ameaça e não podemos nos expor a essa situação", disse Barreto ao jornal paraguaio.
Tanto Vilmar Acosta Marques quanto seu advogado no Brasil, Hervitan Cristian Carulla, de Cuiabá (MT), manifestaram preocupação com a segurança de Neneco no país vizinho. “Ele corre risco de morrer no Paraguai. Por lá dizem que ele vai sofrer as consequências”, afirmou Carulla ao Campo Grande News.
A extradição de Neneco foi determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em agosto deste ano e reafirmada no dia 10 deste mês pelo ministro Dias Tóffoli.
A defesa afirma que o suposto narcotraficante tem nacionalidade brasileira. A Constituição de 1988 não permite a extradição de cidadãos brasileiros natos. Entretanto, o registrado de nascimento brasileiro dele foi anulado pelo juiz de Sete Quedas em março, mês em que foi preso pela Polícia Civil, na zona rural de Caarapó.
Ainda tramita no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) o recurso da defesa contra a anulação do documento.