Assassinato do irmão de traficante deixa fronteira ainda mais insegura
Autoridades paraguaias esperam mais execuções em retaliação à morte de Ronny Gimenez Pavão; ministro da Senad diz que grupos rivais ainda lutam para ocupar lugar de Jorge Rafaat
Nove meses depois de ser metralhado dentro de seu carro blindado no centro de Pedro Juan Caballero, o narcotraficante brasileiro Jorge Rafaat Toumani ainda motiva a guerra entre quadrilhas pelo controle do crime organizado na fronteira seca do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
O ministro da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) Hugo Vera, que chefia a força-tarefa contra as lavouras de maconha em território paraguaio, afirmou que o assassinato do empresário Ronny Gimenez Pavão, 38, na noite de terça-feira (14) em Ponta Porã, é reflexo da disputa por território, iniciada após a morte de Rafaat.
O empresário era irmão do também brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, apontado como o “Pablo Escobar do Paraguai”. Cumprindo pena por lavagem de dinheiro em Assunção, o Jarvis está condenado pela Justiça de Santa Catarina a 17 anos de prisão por tráfico internacional e foi apontado pela polícia paraguaia como mentor da morte de Jorge Rafaat.
Segunda baixa – Ronny Pavão, que foi enterrado no fim da tarde de ontem no cemitério de Ponta Porã – sem a presença do irmão narcotraficante, que não chegou a oficializar o pedido à Justiça do Paraguai para ir ao velório do irmão mais novo – é a segunda pessoa diretamente ligada a Jarvis Pavão a ser executada em dois meses.
O primeiro foi o paraguaio Pablo Jacques, 41, gerente do narcotraficante, fuzilado com a namorada, a douradense Milena Soares Bandeira, 26, no dia 2 de janeiro, na capital do Paraguai.
“É comum essas organizações criminosas ataquem a parte mais visível ou mesmo familiares dos rivais”, afirmou Hugo Vera. “[A morte de Ronny] é um produto da rivalidade das quadrilhas e figuras emergentes que querem ocupar esse vazio deixado pela morte de Rafaat”.
Cidade perigosa – O senador Roberto Acevedo, presidente do Congresso Nacional do Paraguai, afirma que a morte de Ronny Pavão é uma prova de que guerra continua. “Pedro Juan Caballero sempre é perigosa, até mesmo quando está tranquila. Agora está com medo porque a cidade está dominada pelo crime organizado e por facções brasileiras”, afirmou.
De acordo com o jornal ABC Color, PCC (Primeiro Comando da Capital), Comando Vermelho e seguidores de Jorge Rafaat lutam pelo controle da distribuição de maconha em Pedro Juan Caballero e pelo domínio do departamento (equivalente a estado) de Amambay, rota da cocaína que vem da Colômbia, Peru e Bolívia com destino ao Brasil e depois à Europa.