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Interior

Atos lembram 30 anos da execução de jornalista que denunciou Fahd Jamil

Familiares e colegas de Leguizamón protestaram na capital e em Pedro Juan, local do crime

Helio de Freitas, de Dourados | 26/04/2021 12:23
Ato hoje em Pedro Juan para lembrar 30 anos da execução (Foto: Marciano Cândia/Última Hora)
Ato hoje em Pedro Juan para lembrar 30 anos da execução (Foto: Marciano Cândia/Última Hora)

Atos realizados nesta segunda-feira (26) lembraram os 30 anos do assassinato do jornalista paraguaio Santiago Leguizamón, ocorrido em 26 de abril de 1991 em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.

Familiares e colegas de profissão se concentraram nos dois monumentos construídos em homenagem a Santiago – um na capital Asunción e outro no local do crime, em Pedro Juan Caballero.

O aniversário de três décadas da morte ocorre uma semana após a prisão do empresário Fahd Jamil, o “Rei da Fronteira”, apontado no Paraguai como mandante da execução. Ele nunca foi oficialmente denunciado pelo crime.

Jornalistas paraguaios e familiares de Santiago Leguizamón afirmam que a execução do jornalista teria sido determinada por causa de reportagens ligando empresários famosos da fronteira com o contrabando e o tráfico de drogas.

Um deles era Fahd Jamil, compadre do então presidente do Paraguai Andrés Rodriguez (morto em 1997). Em agosto do ano passado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos concluiu que o governo do Paraguai foi responsável pelo assassinato.

Em Pedro Juan Caballero, o ato pelos 30 anos da morte ocorreu no cruzamento das ruas José Gaspar Rodríguez de Francia e José Desejús Martínez, local onde o jornalista foi cercado por pistoleiros e executado com 21 tiros de pistola, revólver e escopeta calibre 12.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, a viúva de Santiago, Ana María Morra, disse que a sensação de impunidade é a mesma de 30 anos atrás.

“Recordo que no dia da morte de Santiago eu disse que não conseguiríamos nada [prisão dos autores] e o tempo me deu razão. Recebemos promessa do ministro do Interior daquela época que a justiça seria feita, mas se dedicaram mais a encobrir que descobrir”, afirmou Ana María.

“Há sentimento de impotência muito grande, mas assim também como há impotência, nos sentimos fortalecidos. Creio que o trabalho, a vida e a morte de Santiago fizeram valer esses 30 anos de luta e vão significar muito quando conseguirmos a sentença”, afirmou o filho do jornalista, Dante Leguizamón. Ele participou do ato no monumento instalado no bairro Sajonia, em Asunción.

Mentores – Conforme o jornal ABC Color, 14 suspeitos foram vinculados ao crime, sendo três deles como autores materiais. Quase todos estão mortos, desaparecidos ou foragidos.

Entre os suspeitos, três foram citados como mandantes da execução: Luiz Henrique Rodrigues Georges, o “Tulu” (primo de Fahd, executado em 2011), Daniel Alvarez Georges, o “Danielito” (filho de Fahd Jamil, desaparecido em 2011 e dado como morto em janeiro deste ano) e o próprio “Rei da Fronteira”.

Entretanto, em 30 anos, Fahd Jamil nunca foi oficialmente responsabilizado pelo crime. Ele está preso há uma semana na sede da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo Banco Assaltos e Sequestros) em Campo Grande, acusado de chefiar grupos de extermínio investigados na Operação Omertà.

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