Câmara convoca hoje suplentes para vaga de vereadores presos
A Câmara Municipal de Naviraí, cidade a 366 km de Campo Grande, vai convocar na sessão de hoje à noite os suplentes que vão ocupar as vagas dos cinco vereadores presos pela Polícia Federal na semana passada durante Operação Atenas, acusados de corrupção. A convocação será feita pelo vice-presidente Moacir Aparecido de Andrade por determinação do juiz Paulo Roberto Cavassa de Almeida.
Estão presos há cinco dias o presidente da Câmara Cícero de Souza, o Cicinho do PT, o vereador e advogado Marcus Douglas Miranda (PMN), o segundo secretário da Câmara Adriano José Silvério (SDD), vereador mais votado nas eleições de 2012 com 1.917 votos, a vereadora e policial civil aposentada Solange Olímpia de Castro Melo (Pros) e Carlos Alberto Sanches (SDD), o Carlão.
Na sexta-feira o magistrado encaminhou ofício ao Legislativo informando que os vereadores presos estão afastados dos cargos e por isso devem ser substituídos pelos suplentes. O próprio Moacir Aparecido já assumiu a presidência em substituição a Cícero dos Santos, o Cicinho do PT. Já a vaga de vereador será assumida pelo atual gerente municipal de Meio Ambiente, Luis Alberto Ávila da Silva Júnior, também filiado ao PT.
A cadeira de Marcus Douglas Miranda (PMN) ficará com o suplente Benedito Missias de Oliveira. André Scarlassara assume a vaga de Adriano José Silvério, Antônio Carlos Klein substitui Carlão e Donizete Nogueira Pinto fica na vaga de Solange Melo.
Hoje de manhã, o presidente em exercício e o procurador jurídico da Câmara Elço Pavão de Arruda se reúnem com os outros sete vereadores da cidade para definir os detalhes da posse. Após a convocação desta segunda à noite, os suplentes terão uma semana para apresentar a documentação. A posse deve ocorrer no dia 20 deste mês.
Além dos cinco vereadores, outras quatro pessoas foram presas durante a Operação Atenas – os assessores da Câmara Wagner do Nascimento, Rogério dos Santos Silva e Tiago Caliza da Rocha e a mulher de Cicinho do PT, Mainara Gessika Malinski dos Santos.
Com exceção de Carlão, preso na carceragem da PF em Campo Grande, onde se apresentou na quarta-feira, e de Solange Melo, levada para o presídio feminino de Jateí junto com Mainara Santos, os demais acusados estão no presídio de segurança máxima de Naviraí. Marcus Douglas, que chegou a passar uma noite na delegacia da PF em Dourados, foi levado de volta para a cidade onde é vereador e também está no presídio local.
Os cinco vereadores os três assessores e a mulher do presidente da Câmara foram presos após 11 meses de investigação da Polícia Federal e Ministério Público Estadual. Eles são acusados de fazer parte de um esquema de corrupção montado para extorquir empresários em troca da liberação de alvará, fraudar licitações, receber diárias da Câmara por viagens que nunca aconteceram e contratar funcionários para o Legislativo e obrigá-los a fazer empréstimos consignados e ficar com parte desse dinheiro.
Segundo a PF, os vereadores recebiam vantagens indevidas para aprovação de leis e para atuações ilegais na expedição de alvarás para estabelecimentos comerciais. Foi descoberto também um esquema ilegal de recebimento de diárias pagas a servidores públicos municipais por viagens que só existiram no papel.
Outro crime era praticado contra servidores contratados pelos vereadores como comissionados na Câmara. Em troca do emprego, o servidor tinha que fazer um empréstimo consignado e entregar o dinheiro ao vereador que arrumou o cargo para ele. Depois ia pagando as parcelas mensalmente, descontadas do salário de servidor.
Escutas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça relevam detalhes sobre o esquema de corrupção. Numa das conversas, Cícero dos Santos e Marcus Douglas se divertem debochando do povo ao comentarem o esquema de desvio de dinheiro. “Quero que o povo se f... Povo, vai se f... Vou colocar no Facebook: o povo tem que se f...”
Em outra conversa com Marcus Douglas, Cicinho do PT confessa que o esquema se trata de roubo e reafirma o crime, diante de gargalhadas do colega de Legislativo: “vamos roubar mesmo, já estamos roubando. Vai fazer o que? Vai pegar emprestado? Estamos é roubando mesmo”.