Em nota, vereador diz que não foi preso em operação contra corrupção
O vereador Vanderlei Chagas (PSD), que desde quarta-feira vem sendo citado como um dos seis legisladores de Naviraí, a 366 quilômetros de Campo Grande, presos na Operação Atenas, da Polícia Federal, divulgou nota oficial nesta quinta-feira afirmando que não foi detido na capital, como fora divulgado pela imprensa estadual.
“O nobre vereador em nenhum momento esteve preso ou detido em Campo Grande. Nenhum mandado de prisão foi expedido pela Justiça em seu desfavor. O parlamentar se apresentou nesta quinta-feira (dia 9) na sede da Polícia Federal de Naviraí, para dar esclarecimento sobre alguns fatos ocorridos. Após ser ouvido o vereador Vanderlei Chagas foi liberado”, afirma a nota.
“Cheguei de viagem durante a manhã e fiquei sabendo que eu estava ‘preso'. Então fui à delegacia e fui ouvido pelo delegado ontem às 16h. Prestei os esclarecimentos e retornei. Fui questionado sobre os trabalhos da Câmara que estão sendo investigados. Eu não tinha conhecimento de nada disso”, afirmou Vanderlei ao Campo Grande News nesta manhã.
Os cinco que estão presos são o presidente da Câmara de Naviraí Cícero de Souza, o Cicinho do PT, o vereador e advogado Marcus Douglas Miranda (PMN), o segundo secretário da Câmara Adriano José Silvério (SDD), vereador mais votado nas eleições de 2012, a vereadora e policial civil aposentada Solange Olímpia de Castro Melo (Pros) e Carlos Alberto Sanches (SDD), que se apresentou na Polícia Federal em Campo Grande quando ficou sabendo que estava com prisão preventiva decretada.
Conforme o MPE (Ministério Público Estadual), também estão presos Mainara Gessika Malinski dos Santos, esposa de Cícero dos Santos, e os assessores da Câmara Wagner do Nascimento, Rogério dos Santos Silva e Tiago Caliza da Rocha. Na quarta-feira, a PF informou em entrevista coletiva que foram dez pessoas presas, mas o Ministério Público fala em nove prisões através da Operação Atenas.
O MPE, que participou das investigações junto com a Polícia Federal, informou que os cinco vereadores de Naviraí presos foram afastados de seus cargos e estão proibidos de se aproximarem da Câmara Municipal quando deixarem a prisão.
Vereadores de Naviraí exigiam e recebiam vantagens indevidas para aprovação de leis com diversas finalidades, inclusive para modificação e criação de critérios para o funcionamento de estabelecimentos comerciais. Também foram identificados desvios de recursos públicos através da falsificação de diárias, desvio de combustíveis, fraude em licitações, além de obrigarem alguns servidores do Legislativo a fazer empréstimos bancários para repasse de valores aos investigados, em troca da manutenção de seus cargos.
Além dos 200 policiais federais, a operação contou com a participação dos promotores de Justiça de Naviraí Paulo da Graça Riquelme de Macedo Junior e Letícia Rossana Pereira Ferreira. Segundo o MPE, os dois promotores fizeram uma devassa na cidade com o objetivo de dar prosseguimento à investigação deflagrada em 2013, inclusive com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
"As investigações apuraram crimes de formação de quadrilha, corrupção e extorsão, contra o Poder Executivo, praticados em prejuízo aos cofres públicos da cidade. Constatou-se ainda durante as investigações um esquema ilegal de recebimento de diárias pagas pelos cofres públicos para viagens que não eram realizadas por servidores públicos municipais, diz a Polícia Federal.
Ainda segundo o Ministério Público, além das prisões a Justiça determinou que fossem cumpridos 35 mandados de busca e ouvidas 28 pessoas, entre elas empresários, políticos e servidores. Ao todo foram apreendidos 27 veículos, quatro armas, um barco e R$ 70 mil em dinheiro. Foram feitas buscas na Câmara, postos de combustíveis, escritórios e residências. Uma das primeiras ações da operação foi a apreensão de computadores e documentação do Legislativo naviraiense.
“As medidas cautelares adotadas no dia da operação foram imprescindíveis para o sucesso da operação. Há envolvimento nos crimes de formação de quadrilha, desvio de recursos públicos, corrupção ativa e passiva, compra de votos com dinheiro público e extorsão contra o Poder Executivo”, diz nota divulgada no site do MPE.