Com sítios invadidos por índios há dois meses, produtores aguardam despejo
Pelo menos cinco propriedades nos arredores do perímetro urbano de Dourados estão ocupados por índios desde 5 de março
Nesta quinta-feira (5) faz dois meses que índios vindos principalmente da região de Amambai invadiram pequenas propriedades rurais localizadas na região norte do município de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Quinze sítios chegaram a ser ocupados, mas os guarani-kaiowá saíram de dez, mas continuam em cinco.
Os índios reivindicam a demarcação das áreas, que somam 202 hectares, como parte da reserva de Dourados, de 3.600 hectares, onde vivem pelo menos 16 mil pessoas. Segundo a Funai, as terras são cobradas pelos índios desde a década de 70.
Em 60 dias de invasão, houve princípio de confronto até com policiais militares, carros de moradores foram atacados, cercas cortadas, pasto e lavouras queimados e sitiantes foram expulsos das casas, como é o caso de Vanilda Valintim, que na madrugada do dia 5 de março teve de deixar sua chácara com os filhos pequenos e o marido e até hoje não voltou mais ao local.
“Quero ver como vai estar minha casa quando a ordem da Justiça for cumprida e esses invasores forem expulsos das nossas terras”, afirmou Vanilda ao Campo Grande News, a única sitiante do local a se identificar e dar entrevista sobre as invasões, Os demais temem sofrer represálias.
Vanilda aproveita as redes sociais para protestar contra as invasões e já mandou carta ao Ministério da Justiça e ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Ela reclama do MPF (Ministério Público Federal) por não defender a lei. “O procurador está do lado dos índios”.
Índios notificados – O Campo Grande News apurou que nesta semana equipes da Polícia Federal foram às áreas ocupadas para notificar os índios sobre o mandado de reintegração de posse, concedido no dia 11 de abril pelo juiz da 2ª Vara Federal no município, Janio Roberto dos Santos
A liminar foi concedida ao proprietário Derli Vieira da Rocha em ação impetrada pelo advogado João Waimer Moreira Filho, mas vale para todas as propriedades ocupadas.
Na decisão, o juiz deu prazo de 20 dias para os índios saírem pacificamente das propriedades. O prazo terminou no início desta semana. Entretanto, moradores próximos às áreas ocupadas afirmam que os índios continuam nas terras e novos barracos surgiram de terça-feira até hoje.