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Interior

Exonerados, diretores vão à Justiça contra reitora temporária da UFGD

Diretora e vice-diretor da Faculdade de Educação ficaram 19 dias nos cargos, mas nomeação foi questionada pelo MPF

Helio de Freitas, de Dourados | 12/11/2019 15:57
Maria Alice e Gustavo Levandoski falam em ato ontem à noite na Faculdade de Educação (Foto: Direto das Ruas)
Maria Alice e Gustavo Levandoski falam em ato ontem à noite na Faculdade de Educação (Foto: Direto das Ruas)

Há cinco meses no cargo, sob protesto de boa parte de estudantes, professores e administrativos, a reitora temporária da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) Mirlene Ferreira Macedo Damázio se envolveu em outra confusão com a comunidade acadêmica.

A professora Maria Alice de Miranda Aranda e o professor Gustavo Levandoski prometem entrar com ação na Justiça ainda nesta terça-feira (12) para questionar decisão de Mirlene Damázio, que ontem os exonerou dos cargos de diretora e vice-diretor da Faculdade de Educação. No mesmo ato ela nomeou o professor Miguel Gomes Filho como diretor pro tempore.

Na ação a ser protocolada na Justiça Federal, Maria Alice e Gustavo acusam a reitora temporária de agir de forma arbitrária, já que os dois foram vencedores da consulta interna realizada no dia 17 de setembro e afirmam que Mirlene tomou a decisão por interesses políticos, para garantir voto a seu favor no Couni (Conselho Universitário), órgão que toma as principais decisões da Universidade.

Em “nota de repúdio” divulgada nesta tarde, oito faculdades da UFGD criticaram a medida tomada pela reitora temporária de exonerar Maria Alice e Gustavo, que ficaram por apenas 19 dias à frente da Faculdade de Educação.

“A consulta prévia é o instrumento democrático de conferência da comunidade acadêmica, que expressa a vontade de seus membros. É a primeira vez na história de nossa universidade que a reitoria interfere na escolha realizada pela comunidade acadêmica, desrespeitando o processo democrático, tão caro à nossa instituição e à própria sociedade”, afirma a nota.

De acordo com professores ouvidos pela reportagem, a lista tríplice tendo Maria Alice e Gustavo como vencedores foi elaborada após a consulta interna, feita no dia 17 de setembro. Como a chapa segunda colocada não quis colocar o nome para fazer parte, a lista tríplice foi elaborada contendo os nomes da chapa vencedora e mais outros nomes para formalizar o processo.

Entretanto, por observar suposta irregularidade na composição da lista, o procurador da República Eduardo Gonçalves recomendou à reitora que recusasse os nomes formalizados pelo Conselho Diretor da Faculdade de Educação. Gonçalves foi o mesmo procurador que questionou a eleição para reitor da UFGD.

“O procurador usa como espelho a eleição para a reitoria, mesmo sabendo que não há vinculação entre a consulta prévia e colégio eleitoral. Sabendo, ainda, que a lista tríplice para reitoria encontra-se válida, a despeito de não conter as chapas derrotadas na consulta prévia. Dito isso, as direções das Faculdades demonstram seu apoio à chapa democraticamente eleita na Faculdade de Educação e repudia a atitude da atual reitoria em atender ‘recomendação’ que atenta contra a autonomia universitária”, diz a nota.

“Interventora” – Mirlene foi nomeada como reitora pro tempore no dia 10 de junho pelo ministro da Educação Abraham Weintraub. Com a nomeação, ele ignorou a lista tríplice elaborada após eleição interna, cujo vencedor foi o professor Etienne Biasotto, filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores). Desde então, é chamada de “interventora” por boa parte da comunidade acadêmica.

Na época, Weintraub alegou ter tomado a decisão porque a lista tríplice estava sendo questionada na Justiça pelo MPF (Ministério Público Federal). No mês passado, no entanto, a Justiça Federal em primeira instância rejeitou a ação do MPF e considerou a lista tríplice válida. Só que a nomeação de Etienne ainda não ocorreu.

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