Professores recorrem à bancada federal para reitor ser nomeado na UFGD
Representantes da comunidade acadêmica se reuniram com deputados para pedir apoio à nomeação de Etienne Biasotto
Representantes de professores e alunos da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) recorreram à bancada federal de Mato Grosso do Sul pedindo apoio para a nomeação de Etienne Biasotto como reitor da instituição.
Vencedor da eleição interna feita em março e primeiro da lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação, Etienne não foi nomeado pelo ministro Abraham Weintraub. Alegando que o caso estava na Justiça, o ministrou nomeou em junho a reitora temporária Mirlene Damázio, chamada de “interventora” pela comunidade acadêmica.
Nesta sexta-feira (18), os ex-reitores Damião Duque de Farias e Liane Calarge, diretores, alunos do diretório acadêmico, associação de pós-graduandos e sindicalistas da universidade se reuniram com os deputados Fábio Trad (PSD), Rose Modesto (PSDB) e Vander Loubet (PT) para pedir mobilização da bancada sul-mato-grossense em defesa da nomeação de Etienne e pelo “fim do golpe atualmente em curso na UFGD”.
O professor do curso de direito da UFGD Tiago Botelho afirma que a universidade foi colocada sob intervenção e tem sua autonomia ameaçada. “Além disso, a chapa que teve a menor aceitação da comunidade acadêmica está administrando a instituição no momento, pois a interventora nomeada tem vínculo com o grupo que ficou em último lugar no processo de consulta prévia”, disse o professor e advogado.
Por meio da assessoria, Fábio Trad afirmou que defender a democracia na UFGD é defender as universidades públicas, Dourados e o Estado Democrático de Direito. Ele garantiu que a bancada sul-mato-grossense atuará no Ministério da Educação para que faça valer a decisão da Justiça Federal de Dourados, “que determina a sequência do curso regular da lista tríplice”.
O grupo aliado de Etienne Biasotto afirma que além de Trad, Rose Modesto, e Vander, apoiam a campanha os deputados Dagoberto Nogueira (PDT), Bia Cavassa (PSDB) e os senadores Nelsinho Trad (PSD) e Simone Tebet (PMDB).
“Essa intervenção na UFGD é um golpe em curso e vem na esteira da instabilidade dos princípios democráticos e da autonomia universitária”, disse Fábio Trad, segundo nota da assessoria.
Justiça – No início deste mês, a Justiça Federal mandou a UFGD comunicar ao Ministério da Educação que a eleição interna para reitor teve sua validade restaurada. Ao analisar embargos de declaração apresentados pelo MPF (Ministério Público Federal), o juiz Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, da 1ª Vara Federal em Dourados, reforçou a decisão tomada em agosto.
O magistrado afirmou: “A ausência de confirmação da liminar enseja a cassação dos seus efeitos e a prevalência do comando emitido na sentença do juízo de primeiro grau. Ademais, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que confirma, concede ou revoga tutela provisória. Sendo assim, a perda de efeitos da liminar anteriormente concedida pelo TRF3, somada à prolação de sentença de improcedência do pedido pleiteado na inicial, restaura a validade do procedimento de escolha de reitor questionado”.
Desde que foi nomeada, Mirlene Damázio enfrenta fortes protestos da comunidade acadêmica. Chamada de “interventora”, ela não conseguiu fazer por duas vezes a reunião do Couni (Conselho Universitário).