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Interior

Fazendeiros de área de conflito com índios contratam seguranças armados

Helio de Freitas, de Dourados | 11/12/2014 15:01
Índios que invadiram a fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Caarapó (Foto: Baltazar Fabiano/Alô Caarapó)
Índios que invadiram a fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Caarapó (Foto: Baltazar Fabiano/Alô Caarapó)

Donos de fazendas localizadas próximas à aldeia Tey Kuê, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande, contrataram seguranças armados para vigiar as propriedades e conter novas invasões indígenas. No domingo, um grupo de índios ocupou a fazenda Nossa Senhora Aparecida e permanece na área. Eles reivindicam a demarcação como terra indígena.

O presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Antonio Umberto Maran, informou ao Campo Grande News que os produtores contrataram os serviços da empresa MG Segurança, com sede em Eldorado (MS). Segundo ele, o objetivo é apenas garantir que os proprietários possam cuidar da lavoura. As terras estão ocupadas com lavouras de soja.

Informações dos fazendeiros indicam que a situação é calma na área. Houve princípio de confronto no domingo e na segunda-feira. Os dois lados trocam acusações sobre quem atacou quem. Um vídeo gravado com telefone celular mostra um grupo de índios tentando atacar a caminhonete em que estava o dono da área invadida, Ademir Bacchi.

Fotos de índios armados também foram divulgadas, mas o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) acusa os ruralistas de fazer um cerco ao acampamento. Citando depoimentos de pessoas que estariam no acampamento, o órgão ligado à igreja católica chegou a divulgar em seu site que uma adolescente indígena teria sido ferida a tiros pelos fazendeiros.

O presidente do Sindicato Rural de Caarapó negou o ataque e disse que foram os índios que saíram do mato atirando quando perceberam o grupo de produtores. Segundo Antonio Maran, os proprietários de fazendas estavam no local apenas para acompanhar um fotógrafo que foi tirar fotos do acampamento. Ontem o sindicato emitiu uma nota de repúdio contra o Cimi.

Nesta quinta (11), o Cimi voltou a divulgar uma nota em seu site acusando os produtores rurais de destruírem o acampamento e expulsar os índios. Maran nega e diz que foram os índios que abandonaram os barracos, mas continuam ocupando a fazenda.

“De acordo com os indígenas ouvidos pelo Cimi, o bando armado não atacou ninguém da comunidade, mas destruiu tudo o que viu pela frente. O acampamento Kaiowá e Guarani foi posto abaixo”, afirma o conselho. “De fato o clima está muito tenso. São perto de 35 caminhonetes e homens armados sob árvores. A Funai estava lá, portanto não pode dizer que nada estava acontecendo”, diz outro trecho da nota do Cimi, atribuindo a declaração a uma fonte não identificada “por motivos de segurança”.

O Campo Grande News tentou falar com o coordenador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, mas ele não atendeu ao telefone celular.

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