Incêndio em fazenda palco de conflito causa prejuízo de R$ 2 milhões
O incêndio que atingiu a fazenda Novilho, localizada em Caarapó - município que fica a 283 km de Campo Grande - e ocupada por índios Guarani-Kaiowá desde junho do ano passado, foi controlado após quase sete horas de trabalho. Além de pastagens, um canavial plantado naquela área também foi atingido.
O canavial pertence a uma empresa que arrendou o terreno para tal finalidade. A estimativa é que o prejuízo causado pela queima de 210 hectares plantados possa chegar a até R$ 2 milhões. A colheita seria feita a partir de julho.
"Recebemos uma ligação às 11h avisando que estava pegando fogo. Mandamos uma equipe para tentar controlar, porque não usamos mais fogo e colhemos a cana crua desde 2014. Mas enquanto o incêndio era combativo em um ponto, surgia o fogo em outro", explica o gerente de operações agrícolas da empresa responsável pelo local, Soluede Tonon.
Ele ainda completa que o fogo só foi controlado às 19h10, após ter sido pedido apoio da Força Nacional. Sobre a possível autoria do incêndio, Soluede afirma que ainda não é possível afirmar quem tenha colocado fogo no local, apesar de haverem suspeitas. A informação sobre o fogo na plantação veio da própria aldeia.
"Ficamos ao lado da aldeia e empregamos vários indígenas dali. São 500, então se multiplicarmos pela média familiar, são 2 mil pessoas próximas da gente, que mantemos boa relação. É um terço da aldeia, que tem 6 mil pessoas", diz o gerente.
Área de conflito - Entretanto, informações da PM (Polícia Militar) local indicam que o incêndio foi provocado pelos índios que estão na fazenda. O motivo, segundo o site Alô Caarapó, seria um decisão da Justiça Federal em paralisar o processo administrativo de demarcação da área, que está em disputa.
Tal conflito já resultou, inclusive, em morte de um índio, além de outros seis feridos e cinco ruralistas presos - mas já soltos após o STF (Supremo Tribunal Federal) conceder liberdade para eles - por organizarem o conflito armado. Este caso aconteceu em agosto do ano passado na fazenda vizinha, Yvu.
Além da Novilho (que está com a sede ocupada) e da Yvu, os indígenas fizeram a tomada de outras 10 propriedades rurais na região, que querem anexar a área onde já está a aldeia - e que seria apenas uma pequena parcela do território original.