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Interior

Indígenas estão refazendo barracos, diz ministério ao negar novas ocupações

Ministério dos Povos Indígenas rebateu informação de produtores de que novas áreas foram ocupadas ontem

Por Helio de Freitas, de Dourados | 14/08/2024 15:21
Indígenas montam barraco em área ocupada no município de Douradina (Foto: Direto das Ruas)
Indígenas montam barraco em área ocupada no município de Douradina (Foto: Direto das Ruas)

O Ministério dos Povos Indígenas negou que novas áreas tenham sido ocupadas no município de Douradina, onde a comunidade guarani-kaiowá e produtores rurais disputam a posse de terras. Pelo menos 14 pessoas ficaram feridas em confrontos ocorridos no local em menos de 30 dias.

Nesta terça-feira (13), produtores rurais do Travessão da Carmelândia, entre a MS-479 e a MS-156, afirmaram que os indígenas teriam invadido outros sítios, a cerca de 7 km do Sítio José Dias Lima e da Fazenda Spessato, onde os dois grupos estão acampados frente a frente, sob vigilância da Força Nacional.

Entretanto, em nota enviada ao Campo Grande News nesta quarta-feira, o MPI informou que essa área já havia sido “retomada” e que a movimentação verificada ontem e hoje trata-se apenas da reconstrução de barracos, destruídos no dia 3 deste mês durante o ataque que deixou ao menos dez indígenas feridos.

A ação, atribuída a produtores rurais e seguranças privados, motivou a vinda da ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara à área em disputa, na semana passada. No local, ela conversou com os sitiantes, pediu o fim dos ataques e prometeu esforço para resolver o impasse em torno do processo de demarcação.

“Circularam informações de que indígenas teriam retomado outros imóveis no interior da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica, em Douradina. A esse respeito, o Ministério dos Povos Indígenas informa que as áreas mencionadas já estavam ocupadas pelos guarani-kaiowá desde meados de julho”, afirmou o ministério.

“Os fatos foram checados in loco por servidores do MPI e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que estiveram na área junto com a Força Nacional de Segurança Pública”, informou o ministério.

O MPI esclareceu que na Terra Panambi Lagoa Rica existem sete “retomadas”. Além de quatro mais antigas, feitas entre 2010 e 2022, em julho ocorreram três novas “ações de recuperação territorial”, nas áreas denominadas “Yvy Ajhere”, “Pikyxyin” e “Kurupa’yty”.

“A primeira retomada, Yvy Ajhere, ocorreu no dia 15 de julho, ao sul. Nos dias seguintes, os indígenas realizaram as retomadas Pikyxyin e Kurupa’yty, ao norte. Em todas foram registrados ataques armados contra os indígenas, sendo que o mais violento foi na Kurupa’yty, que deixou indígenas feridos com munição letal”, afirma o órgão federal.

O MPI encerra a nota reforçando que não há novas ocupações feitas pelos indígenas na Panambi Lagoa Rica e que a Força Nacional permanece mobilizada na área para evitar acirramento das tensões.

Após os ataques dos dias 3 e 4 deste mês e depois da vinda da ministra, a Força Nacional triplicou o efetivo em Douradina. No sábado (10), representantes da comunidade foram recebidos em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pediram a desmobilização do acampamento montado pelos produtores a poucos metros de uma das “retomadas”.

Os indígenas alegam que o acampamento seria base da “agromilícia” montada para atacar os acampamentos. Os sitiantes afirmam que o acampamento marca a resistência dos proprietários e a disposição em lutar pelas terras, que dizem possuir há pelo menos meio século.

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