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Interior

Indígenas acampam em outra propriedade na área de conflitos por terra

Sitiantes denunciam que grupo entrou em área na madrugada de hoje; equipes da Força Nacional estão no local

Por Helio de Freitas, de Dourados | 13/08/2024 16:15
Equipes da Força Nacional em nova área de ocupações indígenas, em Douradina (Foto: Direto das Ruas)
Equipes da Força Nacional em nova área de ocupações indígenas, em Douradina (Foto: Direto das Ruas)

Produtores rurais do município de Douradina denunciam novas ocupações de terras no entorno da Aldeia Panambi Lagoa Rica, palco de confrontos com pelo menos 14 feridos nos últimos 30 dias.

De acordo com sitiantes, na madrugada desta terça-feira (13), os indígenas entraram em propriedades no Travessão da Carmelândia, entre a MS-479 e a MS-156. Pela manhã, equipes da Força Nacional de Segurança Pública e produtores rurais foram para o local, mas os guarani-kaiowá já estavam montando barracos.

“Ninguém pode fazer nada, ninguém pode falar nada. Todo mundo aqui tem título comprovando ter comprado as terras. A gente não dorme mais com medo de eles tacarem fogo. A gente não sabe para onde vai. Pela demarcação da Funai, isso tudo aqui vai ser terra indígena”, disse uma sitiante impactada pelas novas ocupações.

O novo ponto de “retomada” fica nos fundos da aldeia e a cerca de 7 km do Sítio José Dias Lima e da Fazenda Spessato, onde indígenas e produtores estão acampados frente a frente, sob vigilância da Força Nacional.

Mapa mostra o novo ponto de ocupação, aos fundos da aldeia, e o local de confrontos (Foto: Reprodução)
Mapa mostra o novo ponto de ocupação, aos fundos da aldeia, e o local de confrontos (Foto: Reprodução)

Assim como as áreas mais próximas da aldeia, os sítios no Travessão da Carmelândia fazem parte do Território Panambi Lagoa Rica, de 12,1 mil hectares, identificado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas em 2011. Entretanto, o processo de demarcação foi suspenso pela Justiça Federal.

Na semana passada, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, esteve no local e conversou com indígenas e com os produtores acampados no local.

Ela pediu o fim dos ataques e prometeu esforço concentrado de sua pasta em busca de solução. No dia seguinte à visita, a Força Nacional triplicou o efetivo na área para impedir novos confrontos.

Os indígenas acusam os produtores rurais de promover os ataques armados que deixaram ao menos 12 integrantes da comunidade guarani-kaiowá feridos, alguns com tiros de balas de borracha e outros por munição letal.

Já os sitiantes afirmam que suas famílias vivem nas terras há pelo menos meio século e que a área nunca foi de ocupação tradicional indígena. Segundo eles, dois apoiadores também feridos por tiros de balas de borracha que teriam sido disparados por agentes da Força Nacional.

No sábado (10), representantes dos povos indígenas foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília. O grupo pediu a Lula a desmobilização do acampamento dos produtores, apontado como ponto de concentração da “agromilícia” que estaria promovendo atos de violência. Também cobrou mais segurança e conclusão da demarcação.

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