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Interior

Inocentados pela Corregedoria, PMs são acusados pelo MP de matar ex-vereador

MPMS apresentou denúncia de homicídio qualificado porque Dinho Vital foi morto sem chance de defesa

Por Silvia Frias | 14/06/2024 11:18
Corpo de ex-vereador ficou às margens da BR-262, em Anastácio (Foto/Reprodução)
Corpo de ex-vereador ficou às margens da BR-262, em Anastácio (Foto/Reprodução)

Os policiais militares Valdeci Alexandre dos Santos, de 41 anos, e Bruno César Malheiros dos Santos, de 33 anos, foram acusados de homicídio qualificado contra o ex-vereador Wander Alves Meleiro, o "Dinho Vital”. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sustentou a tese de que a vítima não teve chance de defesa, sendo atingia pelas costas, ao contrário do entendimento da Corregedoria da PM, que isentou os PMs de culpa no caso.

Segundo informações do MPMS, a denúncia foi recebida pela Vara Criminal de Anastácio e as prisões temporárias dos acusados foram convertidas em preventiva.

Dinho Vital morreu no dia 8 de maio, na BR-262, pelos policiais militares à paisana, depois de participar de festa pelo aniversário de 59 anos de Anastácio.

Segundo o Ministério Público, o laudo necroscópico e a apuração realizada no local do crime indicam que Dinho foi atingido “pelas costas e nas costas”, tendo o projétil transfixado o tórax e saído no peito da vítima e, o outro, atingido a região lateral, saindo debaixo para cima.

Além disso, segundo o MPMS, a posição dos atiradores e as manchas de sangue da vítima encontradas no chão e no local onde o corpo foi encontrado, Dinho Vital tentou fugir para frente do veículo para fugir dos disparos.

No local, foram encontrados oito estojos de cartuchos de munição próximos ao veículo dos policiais. Perto da vítima não foi encontrado nenhum estojo deflagrado, “descartando qualquer troca de tiros entre os envolvidos”. A perícia encontrou perfurações apenas no veículo do ex-vereador, todas de trás para frente.

Com base nesses resultados, o MPMS denunciou Valdeci e Bruno César por homicídio qualificado, pelo motivo torpe, em razão da discussão de natureza política que antecedeu o ocorrido, bem como praticado o crime por meio que resultou perigo comum, já que os diversos disparos foram feitos em via pública, com presença da esposa da vítima. Também entrou na lista de qualificadora o fato de a morte ter sido praticada mediante recurso que dificultou a defesa de Dinho Vital, pois foi “surpreendida e alvejada pelas costas, reduzindo suas chances de defesa”.

A reportagem entrou em contato com Lucas Arguelho Rocha, que representa os PMs. A defesa diz que rebaterá todas as acusações, comprovando a inocência dos policiais. Rocha diz que o MP "produziu provas unilaterais, sem oportunizar defesa e contraditório aos policiais, ouvindo somente quem interessava a acusação".

Ponto de vista – O entendimento do MPMS é o oposto da Corregedoria da PM que, em seu relatório, reconhece a autoria dos disparos feita pelos dois policiais, mas que agiram em legítima defesa e o “estrito cumprimento do dever legal”.

A corregedoria também apurou que os PMs não estariam fazendo segurança do ex-prefeito de Anastácio, Douglas Figueiredo (PSDB), com quem Dinho Vital brigou na festa, horas antes de morrer.

Ainda conforme o relatório, durante a abordagem policial, foi feita a devida verbalização para que Dinho abaixasse a arma, fato narrado por testemunha que passava pelo local.

O relatório aprovado pelo corregedor-geral da PM, coronel Edson Furtado de Oliveira, seria encaminhado ao Ministério Público. “Decido concordar com o relatório do encarregado do IPM (Inquérito Policial Militar), por entender que há nos autos indícios de excludentes de ilicitude na conduta típica praticada pelos investigados”.

O MPMS não informou se recebeu o relatório da Corregedoria da PM.

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#matéria atualizada às 11h55 para acréscimo de retorno da defesa dos PMs.

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