ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 26º

Interior

Juíza transfere prisão de índio em área invadida para esfera federal

Ambrósio Alcebíades, de 70 anos, foi autuado na Polícia Civil por roubo, cárcere privado e resistência e mandado para o presídio

Helio de Freitas, de Dourados | 31/08/2018 09:45
Índios que ocupam fazenda Santa Maria, em Caarapó (Foto: Divulgação/Cimi)
Índios que ocupam fazenda Santa Maria, em Caarapó (Foto: Divulgação/Cimi)

A juíza Cristiane Aparecida Biberg de Oliveira transferiu para a Justiça Federal o caso envolvendo a prisão do índio Guarani-Kaiowá Ambrósio Alcebíades, 70. Acusado de cárcere privado, roubo e resistência, ele foi preso por policiais militares durante conflito na fazenda Santa Maria, domingo (26), em Caarapó, a 283 km de Campo Grande.

Levado para a Polícia Civil, Ambrósio foi autuado em flagrante e transferido para o presídio da cidade. O delegado Anezio Rosa de Andrade informou que a autuação dele foi acompanhada por representante da Funai.

O inquérito continua em andamento na Polícia Civil e o delegado aguarda manifestação da Justiça Federal para saber se a investigação vai para a Polícia Federal.

Ao analisar o auto de prisão em flagrante, a juíza citou decisão do desembargador André Nekatschalow, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, de outubro de 2015.

Ao analisar uma apelação do Ministério Público Federal, o desembargador se manifestou sobre caso semelhante ao de Caarapó e transferiu a ação penal para a esfera federal. “Há indicativos de que o conflito envolve tema relativo à demarcação de terra indígena, em cujo contexto teriam sido perpetrados delitos por índios”, afirmou André Nekatschalow.

“Declino a competência para o processamento do pedido e determino a, imediata e urgente, remessa dos autos à Justiça Federal do Estado do Mato Grosso do Sul”, decidiu a juíza de Caarapó.

O conflito – No domingo, índios que ocupam a fazenda Santa Maria desde 2016 teriam invadido a sede da propriedade e saqueado as casas. Porcos também teriam sido roubados. Quatro empregados da fazenda teriam sido feitos de reféns pelos índios.

A Polícia Militar foi chamada ao local. O Batalhão de Choque se deslocou para Caarapó. Até o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública Antonio Carlos Videira foi para o local no helicóptero da PM.

Policiais que participaram da operação afirmam que Ambrósio estava armado com um facão e teria investido contra os PMs. Ele foi o único preso na ação.

O MPF (Ministério Público Federal) cobrou informações das forças policiais estaduais sobre a ação em Caarapó, já que competência para apurar crimes envolvendo disputas fundiárias relacionadas aos povos indígenas é federal.

Movimentos de defesa dos índios acusam a PM de fazer o despejo ilegal dos índios. O governo de Mato Grosso do Sul nega a reintegração e alega que a PM foi para a fazenda para devido aos crimes de cárcere privado e roubo.

“A polícia agiu depois que houve boletim de ocorrência de roubo e furto no local. Cabe ao Estado proteger qualquer cidadão”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja.

Nos siga no Google Notícias