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Interior

Júri de Neneco é adiado e familiares de jornalista protestam no Paraguai

Ex-prefeito de cidade vizinha de Paranhos foi preso em Juti, em 2015

Helio de Freitas, de Dourados | 16/10/2017 16:41
Familiares e jornalistas protestam contra adiamento de júri (Foto: ABC Color)
Familiares e jornalistas protestam contra adiamento de júri (Foto: ABC Color)

Foi adiado em uma semana o julgamento do ex-prefeito de Ypehjú, cidade paraguaia vizinha de Paranhos (MS). Vilmar Acosta Marques, o Neneco, é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Pablo Medina e da acompanhante dele, Antonia Almada. O júri estava marcado para hoje (16), mas foi transferido para o dia 23, próxima segunda-feira. O duplo homicídio ocorreu há exatos três anos.

Após o adiamento, colegas de profissão de Medina e parentes do jornalista assassinado saíram às ruas em protesto contra a medida e para cobrar a condenação do ex-político. Neneco é acusado de ter mandado matar o jornalista por represália às reportagens publicadas por Medina ligando o então prefeito ao tráfico de drogas.

“Peço justiça, porque mataram meu filho sem motivo”, afirmou hoje Pablo Medina, pai do jornalista assassinado. “Estamos esperando que a justiça se cumpra três anos”, completou Magdalena Benítez, editora de interior do jornal ABC Color, onde Medina trabalhava.

Segundo o ABC Color, o adiamento ocorreu por decisão do presidente do Tribunal de Sentença, Ramón Trinidad Zelaya. O magistrado justificou que tinha outras causas com risco de extinção e pretendia fazer essas audiências primeiro. Ele admitiu deixar o julgamento para o ano que vem, mas após os protestos, marcou para a segunda que vem.

As mortes ocorreram no dia 15 de outubro de 2014 em Villa Ygatimí, departamento de Canindeyú, na fronteira com Mato Grosso do Sul. A Promotoria de Justiça vai pedir a pena máxima de 30 anos pelo crime, mas a defesa de Neneco afirma não existir provas contra ele.

Preso em MS – Neneco foi capturado no município de Juti (MS) em março de 2015, e levado para Assunção, onde está preso. Ele tentou evitar sua extradição apresentando uma certidão de nascimento em território brasileiro, mas o documento foi considerado falso. O caso foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal).

“Todos os elementos presentados indicam a culpabilidade do réu. Nós do Ministério Público temos certeza que ele é o autor moral do crime”, afirmou a promotora Sandra Quiñónez.

Flavio Acosta Riveros, sobrinho de Neneco e um dos supostos pistoleiros que executaram Pablo Medina, está preso no Brasil. A Justiça do Paraguai aguarda sua extradição para o país vizinho. Wilson Acosta Marques, irmão de Neneco e que teria sido o autor dos tiros, continua foragido.

O motorista de Neneco, Arnaldo Cabrera, já foi condenado a cinco anos de prisão por participação no duplo homicídio. Ricardo Paredes, advogado de Neneco, disse que seu cliente vai a julgamento apenas com base em uma história “inventada” pela promotora.

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