Pistoleiros que mataram cabo da PM levaram imagens de câmeras e celulares
Dona da casa foi trancada no quarto por um dos bandidos; amigo de PM ficou ferido
A execução do cabo da Polícia Militar Elton da Silva Moura, 36, foi muito bem planejada e colocada em prática de forma a dificultar ao máximo a identificação dos autores. Essa é a primeira constatação de policiais que investigam o caso.
Ex-integrante do batalhão ambiental e do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e citado em investigações sobre a máfia do cigarro, o cabo Moura foi morto na noite desta terça-feira (17), em Dourados, a 233 km de Campo Grande.
Os dois homens que invadiram a casa onde o policial estava, tiveram cuidado até mesmo de recolher o arquivo com as imagens das câmeras de segurança do local.
Antes dos tiros, também recolheram os celulares do PM, do amigo dele e dono da casa Herberte Gonçalves Mareco, 36, e da mulher de Herberte, identificada como Bruna.
Ex-presidiário condenado por tráfico e, atualmente, monitorado por tornozeleira eletrônica, Herberte foi ferido no ombro e de raspão na cabeça e está internado no Hospital da Vida.
Outro detalhe que demonstra o minucioso planejamento do crime, foi a destruição do carro usado pelos dois pistoleiros para chegarem à casa, localizada no cruzamento das ruas Rouxinol e Rio Brilhante, no Jardim Vista Alegre, região sul de Dourados.
O Renault Sandero preto foi abandonado em chamas no BNH 4º Plano, a menos de 2 km do local da morte. Incendiar carros usados em execuções é prática comum na fronteira entre Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
“Visita” – Bruna, mulher de Herberte, disse à Polícia Civil que ele e o cabo Moura chegaram em casa por volta de 8h45 e o marido lhe falou que iriam “receber um cara”. Posteriormente, ela disse ter ouvido barulho no portão.
Em seguida, quando já estava no quarto, Bruna afirmou que homem armado invadiu o cômodo dizendo “me dá o celular que não vou fazer nada com você”. A mulher acredita que, nesse momento, Elton Moura e Herberte já estavam rendidos pelo outro bandido, na área gourmet da casa.
Depois de ser trancada no quarto, a mulher disse ter ouvido gritos e tiros. Quando saiu do quarto, encontrou o marido pedindo socorro.
Segundo o depoimento de Bruna, Herberte pediu que ela o levasse até a casa de seu pai, um policial militar da reserva, no Bairro Izidro Pedroso, onde ele foi socorrido ao Hospital da Vida. Em depoimento a policiais militares que foram ao hospital, Herberte disse que não conhece os dois homens que invadiram a casa.
Ele também informou que ao perceber os pistoleiros armados, saiu correndo para a rua, momento em que os bandidos atiraram em sua direção e o acertaram no ombro e de raspão na cabeça. A suspeita é que o objetivo dos atiradores era executar os dois amigos.
Ao lado do corpo do cabo Moura, os policiais civis recolheram 16 cápsulas deflagradas de pistola 9 milímetros, projéteis, óculos quebrados, que seriam da vítima, e a carteira do policial com R$ 470 em dinheiro, além de notas espalhadas no chão.