Policial deu fuga a pistoleiros que mataram investigador na fronteira
Munições 9mm e calibre 50, além do carro usado na fuga, foram encontrados na casa do policial
O policial paraguaio Cipriano Javier Silva Portillo, 37, preso nesta segunda-feira (25) na fronteira, é acusado de ter dado fuga aos dois pistoleiros que no dia 13 deste mês executaram o investigador da Polícia Nacional Fredy César Díaz. O crime ocorreu em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.
O comissário geral Rubén Paredes, chefe de investigações no Departamento (equivalente a Estado) de Amambay, informou que Cipriano conduziu o carro que resgatou os dois bandidos logo após a execução, ocorrida em plena manhã no perímetro urbano de Pedro Juan Caballero.
Pela numeração da placa, a polícia descobriu que o carro pertence ao policial, mas não está registrado em seu nome. No sábado à noite, policiais paraguaios prenderam um dos pistoleiros, Hugo César Lazarte Arguello, o “Tuka’i”.
Ele estava no carro do policial, parado em um posto de controle. Cipriano também estava presente, mas não foi preso, por razões ainda não esclarecidas. Hoje, ele se apresentou na delegacia onde é lotado, em Concepción, cidade a 200 km de Ponta Porã.
Em buscas na casa dele, a polícia encontrou o carro usado na fuga dos pistoleiros. O modelo não foi informado. Também foram aprendidos um carregador de pistola e munições 9 milímetros e de fuzil calibre 50.
Cipriano seria espião dos cartéis da droga na Linha Internacional, responsável em passar informações sobre os colegas que tentam cumprir o dever de combater o crime organizado. Quem recusa o dinheiro do tráfico é morto. É a prática do “Plata o Plomo” (dinheiro ou chumbo), uma das frases mais conhecidas do lendário narcotraficante colombiano Pablo Escobar.
A polícia paraguaia afirma que o outro pistoleiro que participou diretamente da execução de Fredy Díaz já foi identificado. Ele seria de Yby Yau, povoado localizado entre Pedro Juan Caballero e Concepción.
No dia da execução de Fredy, a polícia paraguaia levantou suspeitas de que ele teria sido morto a mando da facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital), por retaliação à prisão do líder da organização na fronteira, Giovanni Barbosa da Silva, o “Bonitão”. Entretanto, até agora não surgiram provas da ligação dos pistoleiros com a facção.
Jeep roubado – A polícia paraguaia também descobriu que o Jeep Compass conduzido por Fredy Díaz no momento em que foi atacado a tiros tinha sido roubado no Brasil e remarcado no Paraguai. O local do roubo e a data não foram informados.
No dia seguinte à execução, a polícia paraguaia informou que o carro tinha sido apreendido com traficantes e repassado ao policial como “fiel depositário”. Entretanto, essa versão caiu por terra após a investigação revelar que o veículo não possui registro em território paraguaio.
A informação de que o Compass é roubado foi revelada hoje pelo senador Fernando Silva Facetti, presidente do Conselho de Magistratura do Paraguai. “Lamentavelmente é uma prática usual na fronteira de nosso país”, escreveu ele em sua conta no Twitter.