Procurado no Brasil, traficante ferido em festa tem família dedicada ao crime
José Luis Bogado Quevedo usava documento expedido pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS
O narcotraficante José Luis Bogado Quevedo, 38, ferido a tiros durante festa com 20 mil pessoas domingo (30), no Paraguai, é de família dedicada ao crime organizado. Ontem, ele recebeu alta é foi levado para o quartel da Agrupación Especializada, na capital Asunción, onde o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho ficou preso em 2020.
Réu em pelo menos 34 processos no Brasil e incluído na lista vermelha da Interpol pela polícia brasileira, Bogado Quevedo atua na linha internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.
Ao dar entrada em hospital particular do Paraguai, na noite de domingo, ele apresentou documento de identidade em nome de José Luiz Bogado Gonzalez, emitida pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul.
Segundo a polícia paraguaia, Bogado Quevedo tem familiares no submundo do crime nos dois lados da fronteira. Ele é sobrinho do ex-vereador paraguaio César Quevedo Isnardi, que está preso pelo roubo de 252 quilos de cocaína da Chefatura da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero, em 2015.
Outro tio de José Luis Bogado Quevedo, Fabio Quevedo Isnardi (irmão do ex-vereador) é apontado como chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Ribeirão Preto (SP). Fabio está preso desde 2015.
Apontado como mandante do atentado contra o senador paraguaio Robert Acevedo (morto de covid, ano passado), Pedro Pablo Quevedo Medina, o “Peter”, era primo do traficante baleado na festa. Em 2010, Pedro Pablo foi assassinado e esquartejado na fronteira.
Outro parente famoso de José Luis é o narcotraficante internacional Jorge Teófilo Samudio, 49, o "Samura". Chefe do Comando Vermelho no Paraguai, Samura foi resgatado por comparsas em outubro de 2018 e recapturado em março do ano passado, no Mato Grosso. Ele e José Luis são concunhados.
Festa – Morador em Pedro Juan Caballero, José Luis Bogado Quevedo tinha se instalado recentemente em San Bernardino, cidade na margem do histórico Lago Ypacaraí e considerada estratégia para os cartéis da droga.
Na noite de domingo, ele e outros comparsas estavam na Ja’Umina Fest, evento de vallenato e cúmbia, ritmos populares em países latinos. Cantores da Colômbia e da Argentina se apresentavam no espaço.
Os pistoleiros começaram a tirar contra os fronteiriços na fila do banheiro. Bogado Quevedo seria o principal alvo do ataque. Morreram a empresária e influenciadora digital famosa no Paraguai Cristina Vita Aranda e Marcos Ignacio Rojas Mora. Segundo a polícia, Vita não tinha ligação com os traficantes e foi “efeito colateral”. Mora era do crime organizado e estava com José Luis.
Outro ferido foi o boliviano Marcelo Eladio Monteggia Díaz, 40, também apontado como narcotraficante. Ele já teve alta e está preso. Os outros três feridos eram frequentadores da festa e foram atingidos por acidente.