Sem medicamento, Hospital do Câncer volta a suspender quimioterapia
E a segunda vez em três meses que empresa que administra HC de Dourados para de atender pacientes devido à crise do Evangélico
Parece não ter fim a crise financeira do Hospital Evangélico de Dourados, maior instituição hospitalar privada do interior de Mato Grosso do Sul. Além do atraso constante nos salários dos funcionários, o hospital estaria com dificuldade para fazer o repasse para clínica particular que administra o “Hospital do Câncer”, uma ala do Evangélico responsável pelo atendimento de oncologia a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).
Formada por médicos da cidade, a clínica utiliza a estrutura do Hospital do Câncer, construído há alguns anos no terreno do Evangélico com doações obtidas pela ACCGS (Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados).
Na manhã desta sexta-feira, a direção da clínica afixou na porta do HC um comunicado, informando sobre a suspensão do atendimento: “Pacientes em quimioterapia terão seus tratamentos suspensos a partir de 17/04/2015 por falta de medicação devido ao atraso de repasses do Hospital Evangélico”.
A suspensão já tinha ocorrido em janeiro deste ano, afetando moradores de Dourados e de outros 32 municípios da região que dependem dos serviços especializados de saúde custeados pelo SUS oferecidos na segunda maior cidade do Estado.
Como não possui estrutura para atendimento especializado de saúde, a prefeitura contrata o Evangélico para prestação de serviços de oncologia, cardiologia e nefrologia (rins). O dinheiro para pagar pelo atendimento vem do Ministério da Saúde e o município repassa ao Evangélico, que por sua vez repassa às empresas terceirizadas contratadas pela instituição para oferecer os atendimentos.
O médico Davi Vieira, um dos diretores da clínica, confirmou hoje ao Campo Grande News que o repasse voltou a atrasar, por isso a empresa não tem dinheiro para comprar os medicamentos de alto custo, usados na quimioterapia. Segundo ele, estão atrasados R$ 190 mil de março e R$ 300 mil que deveriam ser pagos no dia 15 deste mês.
Em janeiro, os médicos afirmaram que os atrasos são constantes porque o dinheiro vem do Ministério da Saúde, é repassado pela prefeitura, mas o Evangélico não paga em dia pelos serviços, prejudicando o atendimento, já que sem o dinheiro a clínica terceirizada não consegue comprar medicamentos usados no tratamento dos pacientes com câncer.
O Hospital do Câncer – Concretizado através de uma campanha de doações feita durante vários anos pela Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados, o prédio que deveria ser o Hospital do Câncer foi construído no terreno anexo ao Hospital Evangélico e nunca funcionou com autonomia.
A estrutura é utilizada por uma empresa privada, o Centro de Tratamento de Câncer de Dourados, que tem médicos oncologistas como sócios. A empresa é contratada pelo próprio Evangélico para atender os pacientes do SUS.
Em agosto do ano passado, a unidade suspendeu o fornecimento de medicamentos aos pacientes por falta de dinheiro e a direção alegou na época uma dívida de R$ 2 milhões, contraída para cobrir as despesas devido ao atraso no pagamento feito pelo Evangélico.