Sem resposta da prefeitura, moradores bloqueiam rodovia há oito horas
“Não tem hora e nem dia para acabar, depende da prefeita”, afirma líder indígena; protesto cobra transporte de universitários
Já dura quase oito hortas o bloqueio da MS-156, em Dourados, as 233 km de Campo Grande. Moradores da reserva indígena protestam contra a suspensão pela prefeitura do transporte de 140 universitários que moram nas aldeias Bororó e Jaguapiru. Há um mês eles estão perdendo aula, segundo os moradores.
A rodovia estadual liga a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul a Itaporã, Maracaju, à região sudoeste do estado e serve de caminho alternativo para chegar à Capital.
“Não tem hora nem dia para acabar o bloqueio; depende da prefeita [Délia Razuk]”, disse há pouco ao Campo Grande News o capitão da Aldeia Jaguapiru, Isael Morales, o Neco. Segundo ele, a negociação não avançou. “Tentaram nos enrolar”.
A rodovia foi bloqueada antes das 8h. Por volta de 10h, os moradores recusaram convite da prefeita para negociação na sede da prefeitura e cobram a presença de representantes do município no local do protesto. Entretanto, ninguém da prefeitura foi até eles.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura informou de manhã que não tem obrigação de transportar universitários, pois o dinheiro que vem do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) é para a educação básica.
O secretário de Educação Upiran Jorge Gonçalves considera inconstitucional a lei municipal 3.870, em vigor desde fevereiro de 2015, que autoriza o município a transportar estudantes da zona rural e dos distritos, matriculados no ensino superior e escolas técnicas.
Desde o ano passado a prefeitura enfrenta dificuldade para manter a parte do transporte estudantil que cabe ao município.
A maioria dos estudantes da zona rural é transportada por empresa terceirizada, mas a prefeitura mantém frota própria de 15 ônibus para atender os universitários indígenas e estudantes que moram em sitiocas e bairros distantes do centro.
Entretanto, devido à crise financeira que todos os meses afeta até o pagamento dos servidores, a prefeitura não consegue fazer a manutenção dos ônibus próprios e constantemente o serviço é paralisado.
Em agosto, Upiran Jorge Gonçalves chegou a anunciar que a prefeitura não faria mais o transporte dos alunos do ensino básico que moram nas sitiocas, mas após protestos dos moradores, a prefeitura recuou e manteve o serviço.