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Interior

“Teremos de escolher entre vírus e fome”, diz empresário preso em protesto

Cláudio Gaiofato disse que foi levado de camburão por defender comerciantes e trabalhadores

Helio de Freitas, de Dourados | 01/06/2021 15:11
Cláudio Gaiofato durante protesto ontem na prefeitura; logo em seguida ele foi detido (Foto: Adilson Domingos)
Cláudio Gaiofato durante protesto ontem na prefeitura; logo em seguida ele foi detido (Foto: Adilson Domingos)

O empresário Claudomiro Gaiofato, 49, preso ontem (31) durante protesto contra o lockdown de 14 dias decretado em Dourados (a 233 km de Campo Grande), disse que o “fecha tudo” determinado pelo prefeito Alan Guedes (PP) vai agravar a crise econômica do município. “Teremos de escolher entre o vírus e a fome”, afirmou ele.

Conhecido em Dourados como Gláudio Gaiofato, o comerciante é presidente da Acomac (Associação dos Comerciantes Materiais para Construção) e ligado à política.

Gaiofato foi assessor da ex-prefeita Délia Razuk (2017-2020) e disputou eleição de vereador no ano passado, mas não conseguiu se eleger. Ele também aparece entre os assessores nomeados no gabinete do deputado estadual Neno Razuk (PTB).

Na manhã de ontem, primeiro dia útil do lockdown decretado devido ao agravamento da pandemia de covid-19, Gaiofato foi um dos empresários que participaram de carreata e depois de protesto na prefeitura, contra o bloqueio das atividades econômicas.

“A gente só estava reivindicando o delivery para alguns setores. Várias pessoas estavam presentes e fizeram o uso da palavra. Eu simplesmente reivindiquei ao prefeito [Alan Guedes] que nos ouvisse, mas não fomos ouvidos”, afirmou Gaiofato ao Campo Grande News.

Segundo ele, sua prisão ocorreu por determinação da promotora de Justiça Rosalina Cruz Cavagnolli após a comandante da Guarda Municipal, Liliane Graziele Nascimento, o apontar como um dos líderes do protesto. Gaiofato rebate a afirmação, diz que não liderou o protesto e apenas falou em nome das lojas de materiais de construção.

Ele alega ter falado também em defesa dos trabalhadores do setor, cuja maioria ganha comissão das vendas, e de operários da construção civil que trabalham como diaristas. “Temos medo sim dessa doença, todos nós já perdemos entes queridos, amigos, conhecidos, mas se não trabalharmos, vai vir a fome. Aí vamos ficar entre coronavírus e fome”.

O comerciante lamentou o fato de o grupo de comerciantes não ser recebido pelo prefeito ou por qualquer outro integrante da administração municipal. “Fomos recepcionados, sim, por policiais”.

Cláudio Gaiofato reclamou também por ter sido levado no camburão da Polícia Militar até o quartel da corporação e depois à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). “Se eu infringi o decreto, todos que estavam ali infringiram, mas só eu fui detido e levado de camburão”.

Gaiofato afirma que sua surpresa maior foi ao chegar à Polícia Civil e ser informado pelo delegado de plantão que a promotora havia pedido que ele fosse indiciado por violação de medida sanitária e por associação criminosa.

“O delegado entendeu que não houve esse crime e vou responder por desrespeitar medida sanitária, mas olha a que ponto chegamos. Ali eram pais de família, trabalhadores, pessoas que geram emprego e renda, apenas querendo ser ouvidos”, protestou. Ele foi liberado logo após assinar o boletim de ocorrência.

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