Peixes “formam famílias” e permitem pesquisas enquanto esperam Aquário
São 189 tipos do animal que vivem em tanques instalados em um galpão na PMA
Enquanto 'aguardam' o Aquário do Pantanal, os peixes que vão povoar os tanques previstos no projeto formam "famílias inteiras" e proporcionam pesquisas inéditas. São 189 tipos do animal que vive em tanques instalados em galpão na sede da PMA (Polícia Militar Ambiental), em Campo Grande.
Segundo Heriberto Gimenes Junior, biólogo e coordenador da quarentena dos peixes, 41 espécies se reproduziram recentemente. Um deles, o cascudo, se reproduziu pela primeira vezem cativeiro. "Hoje não é uma quarentena apenas, é um laboratório de pesquisa".
Hoje, habitam os aquários 10 mil peixes. Em julho de 2017, eram 7,2 mil. Para explicar a importância disso para a pesquisa, o biólogo conta que todo o desenvolvimento desde a desova até a formação do corpinho é acompanhado e registrado. Um trabalho minucioso, já que o crescimento até que se forme o peixe leva apenas 72 horas, dependendo da espécie.
"Fizemos isso com várias espécies e não tem nenhuma pesquisa referente a isso no mundo. A gente fala que foi até importante esta pausa para os peixes. Porque naquela época ninguém sabia como comiam direito, como se reproduziam e hoje nós temos essa noção para levar esses peixes com segurança para o Aquário".
Os dados coletados com o trabalho e outros estudos feitos serão publicados posteriormente. "Para o conhecimento dos peixes do Pantanal foi importantíssimo". Entre os tipos, 120 são do Pantanal e o restante se divide em espécies da Amazônia, África, Ásia, Oceania e América Central. Contudo, todos foram criados no Brasil.
Readequação - As espécies chegaram em 2014. Na época, a expectativa era que eles aguardassem apenas alguns meses até a conclusão do Aquário. Situação que não ocorreu por diversos problemas e fez com que o Imasul (Instituto de Meio Ambiente) reestruturasse o local para manter os animais com vida e saudáveis.
"Um peixe pequeno consegue sobreviver tranquilamente em um aquário pequeno. Mas a questão não é essa e, sim, como estão sendo cuidados".
Para mantê-los bem, até por se tratar de tipos com necessidades diferentes, foram comprados aquários, além dos tanques e filtros foram instalados. A troca de 30% da água é feita constantemente e há um cronograma semanal de limpeza, afirma o biólogo.
"Eles estão bem. Reproduzimos 41 espécies e a reprodução é o ápice do bem estar do animal. Ele só vai se reproduzir em cativeiro se ele estiver muito bem. É um indicativo".
O coordenador da quarentena afirma que poucos peixes morreram neste período. Situação que é natural, explica, tanto em quarentena ou em aquário. "Ás vezes o peixe é capturado e está velho. Quando é coletado não sabemos quanto tempo de vida. Não dá nem para saber a causa, apenas em alguns casos específicos".
Quando o Aquário estiver pronto, as espécies terão de ser transportadas separadamente. As mais frágeis devem ir primeiro, seguido dos animais mais fortes. O processo deve levar de três a quatro meses.
Conclusão - O empreendimento é bastante criticado, quase que na mesma medida em que é aguardado. A informação mais recente é de que o Aquário ficará pronto em 10 meses. Por enquanto, a obra está totalmente paralisada depois de uma série de problemas jurídicos. Já foram gastos R$ 200 milhões, conforme dados oficiais.
A expectativa é que mais R$ 39 milhões sejam aplicados na construção. A atual administração estadual sempre sustentou que não começaria uma obra como essa, mas, já que foi iniciada, precisa ser concluída, afirmou.