Perto da elucidação, polícia ainda mantém sigilo sobre mortes na Santa Casa
As mortes no setor de oncologia da Santa Casa de Campo Grande estão próximas de uma elucidação. Nesta segunda-feira (18), a delegada responsável pelas investigações, Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia, descartou algumas hipóteses levantadas inicialmente e disse que já vislumbra o fator causador dos óbitos e seus responsáveis, no entanto, ainda é cedo para confirmar.
Ela afirma que ainda espera o resultado de exames a serem feitos pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) da Capital, a partir de materiais coletados dos corpos das três vítimas. Também devem ser ouvidos mais dois médicos e uma mulher que sofreu reações adversas após sessões de quimioterapia, mas que sobreviveu.
“Temos nossas convicções, mas por enquanto não é possível divulgar as informações. O caso ganhou grande repercussão e as famílias estão em buscas de informações, por isso, estamos atuando em caráter de urgência. Acredito que os exames solicitados darão as comprovações que precisamos”, explicou Medina.
Amanhã pela manhã será feita a inumação dos corpos de Carmen Insfran Bernard, 48 anos, e Maria Glória Guimarães, 61 anos, nos cemitérios Memorial Park e Cruzeiro, respectivamente. A exumação aconteceu no último dia 8. O prazo de 30 dias para conclusão do inquérito termina na quarta-feira (20), mas é possível que haja prorrogação.
Embora Medina não dê confirmações, tudo leva a crer que houve erro na manipulação do medicamento administrado nas mulheres durante sessões de quimioterapia em junho - elas morreram nos dias 10, 11 e 12 do mês seguinte. Em nota, representantes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que elaboraram um relatório sobre os casos concluíram pelo: “erro no processo de manipulação intra-hospitalar”.
Um dos depoimentos que mais chamaram a atenção foi do farmacêutico Raphael Castro, na terça-feira (12). Ele era funcionário do Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, empresa que prestavas serviços à Santa Casa, e afirmou que fez a manipulação dos fármacos de 23 a 28 de junho, mesmo período em que as mulheres fizeram tratamento de câncer colorretal.
Embora tenha afirmado que não errou na execução do processo, reconheceu que tinha dúvidas e que foi orientado pela enfermeira Giovana de Carvalho Penteado, que já fazia a manipulação com frequência. As três vítimas apresentaram reações adversas à medicação e tiveram piora no quadro clínico, morrendo após sintomas como dores abdominais, feridas na boca e garanta, dificuldades para comer e falar, além de diarreia.