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Cidades

Sem caminhões, estradas permitem novo olhar aos motoristas

Motoristas agora dividem estradas apenas com ônibus e conseguem admirar detalhes que antes passariam batido, como o por do sol

Guilherme Henri | 25/05/2018 18:45
Um dos dois caminhões flagrados rodando na rodovia BR-267 ao por do sol desta tarde (Foto: Silvana Echeverria)
Um dos dois caminhões flagrados rodando na rodovia BR-267 ao por do sol desta tarde (Foto: Silvana Echeverria)

Viajar por Mato Grosso do Sul nestes dias de greve dos caminhoneiros tornou-se uma experiência bem diferente do habitual: os caminhões e carretas, que dominam o transporte de cargas no Estado, são cena rara. Motoristas de carros de passeio agora dividem as pistas apenas com os ônibus.

A ausência dos caminhões não só desafogou as rodovias, como abriu visão para simples detalhes que em outros dias passariam batidos, como por exemplo, a beleza do pôr do sol no horizonte.

Nesta tarde (25), de Campo Grande até a altura do quilômetro 382, da rodovia BR-267, pouco depois de Maracaju no sentido Ponta Porã, a quantidade de veículos grandes de cargas podiam ser contada com os dedos de uma mão: dois. O restante, que antes entupiam as estradas, agora fazem fila às margens das rodovias.

Na entrada de Ponta Porã, os veículos pesados estão parados à margem da rodovia, que tem pneus dividindo a pista em duas. Tudo está sinalizado, embora à noite, a visão seja prejudicada.

Caminhões fazem fila as margens da rodovia BR-267 em protesto (Foto: Silvana Echeverria)
Caminhões fazem fila as margens da rodovia BR-267 em protesto (Foto: Silvana Echeverria)

O cenário confirma a adesão expressiva à briga dos envolvidos com o transporte contra os constantes reajustes dos combustíveis. Outra prova, pouco à frente, no distrito de Vista Alegre. Ali, na beira da estrada produtores rurais arrumaram outra ocupação ao maquinário agrícola. Ao invés de estarem a todo vapor em colheita no campo, passam a apoiar o movimento, com faixas e contribuições para a manutenção da estrutura de protestos.

Além disso, outros detalhes desta vez não passaram batido na viagem. A atenção, antes dividida entre estrada e o cuidado com os veículos pesados, tem novo endereço: a qualidade do asfalto, que no trecho mais parece um “tapete”.

A exceção está em dois trechos apenas: no anel viário de Maracaju onde o motorista sentiu trepidações provocadas por buracos na via e no distrito de Vista Alegre, onde é nítida a má conservação da malha viária.

Porém, nem tudo são flores. A ausência de caminhões ou outros obstáculos não foi a única coisa observada na viagem. Em meio à greve e debates acalorados pela causa, foi nítida a sensação de ausência policial no percurso até o município fronteiriço.

Apenas dois policiais militares rodoviários se fizeram presentes no posto de fiscalização localizado em Vista Alegre. Enquanto isso, nos demais quilômetros era livre o trafego de qualquer imprudência no trânsito ou pior, ilicitude como o tráfico de drogas ou armas.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) justificou que até o final desta tarde eram 35 pontos de bloqueio nas rodovias feitos por caminhoneiros. Desses, segundo informado, o efetivo está presente em apenas 15.

Ainda de acordo com a informação da PRF, as equipes também precisam se desdobrar no atendimento às ocorrências rotineiras, o que acaba deixando trechos sem policiamento.

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