A sociedade do espetáculo começou com aula histérica
Um xinga o outro publicamente. Alguém aparece pelada na rede social. Logo ali, alguém expõe suas ideias extremistas. Apresento-lhes a “sociedade do espetáculo”. Vivemos uma era onde o show vale mais que as ideias sensatas e bem educadas. O mundo foi conquistado pelos toscos e imbecis. Mas tudo tem um inicio. Como e quando começamos a dar tanto espaço para o espetáculo grosseiro?
Uma lição clinica.
Jean-Martin Charcot, foi o renomado neurologista francês, um dos médicos mais famosos de todos os tempos, que, em 1.862, foi nomeado diretor de “La Salpêtriére”, o hospital famoso por confinar mulheres tidas como problemáticas pela família. Foi nesse hospital que Charcot pôs em marcha seus experimentos para o estudo histeria.
A “Grande Enfermidade do Século”.
“Aquela mulher está histérica”, dizemos em tom de xingamento. Se hoje a histeria é um palavrão, no Oitocentos era uma doença, ou melhor, uma epidemia que poderia atingir toda e qualquer mulher. Era a “Grande Enfermidade do Século”.
Charcot e seus experimentos “espetaculares“.
Um dos mais famosos experimentos de Charcot era finalizar uma contração tida como histérica colocando um bastão na vagina da paciente até atingir a região do útero-ovário. Quando Charcot retirava o bastão, a crise ressurgia. E então, a paciente pede de novo o bastão. É sexismo “na veia”, explícito. Charcot se converteu em um showman. Suas aulas eram verdadeiros espetáculos que levavam multidões ao delírio. O inaudito, o que mais chama a atenção, é que as pacientes competiam entre elas para ver quem eclipsava mais a platéia. As contorções e espasmos eram exageradas sem limite algum. Era mais uma atuação teatral que uma aula de medicina. Assim teve inicio da decantada “sociedade do espetáculo”.