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Em Pauta

A sociedade do espetáculo começou com aula histérica

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 01/09/2024 07:42
A sociedade do espetáculo começou com aula histérica

Um xinga o outro publicamente. Alguém aparece pelada na rede social. Logo ali, alguém expõe suas ideias extremistas. Apresento-lhes a “sociedade do espetáculo”. Vivemos uma era onde o show vale mais que as ideias sensatas e bem educadas. O mundo foi conquistado pelos toscos e imbecis. Mas tudo tem um inicio. Como e quando começamos a dar tanto espaço para o espetáculo grosseiro?


A sociedade do espetáculo começou com aula histérica

Uma lição clinica.

Jean-Martin Charcot, foi o renomado neurologista francês, um dos médicos mais famosos de todos os tempos, que, em 1.862, foi nomeado diretor de “La Salpêtriére”, o hospital famoso por confinar mulheres tidas como problemáticas pela família. Foi nesse hospital que Charcot pôs em marcha seus experimentos para o estudo histeria.


A sociedade do espetáculo começou com aula histérica

A “Grande Enfermidade do Século”.

“Aquela mulher está histérica”, dizemos em tom de xingamento. Se hoje a histeria é um palavrão, no Oitocentos era uma doença, ou melhor, uma epidemia que poderia atingir toda e qualquer mulher. Era a “Grande Enfermidade do Século”.


A sociedade do espetáculo começou com aula histérica

Charcot e seus experimentos “espetaculares“.

Um dos mais famosos experimentos de Charcot era finalizar uma contração tida como histérica colocando um bastão na vagina da paciente até atingir a região do útero-ovário. Quando Charcot retirava o bastão, a crise ressurgia. E então, a paciente pede de novo o bastão. É sexismo “na veia”, explícito. Charcot se converteu em um showman. Suas aulas eram verdadeiros espetáculos que levavam multidões ao delírio. O inaudito, o que mais chama a atenção, é que as pacientes competiam entre elas para ver quem eclipsava mais a platéia. As contorções e espasmos eram exageradas sem limite algum. Era mais uma atuação teatral que uma aula de medicina. Assim teve inicio da decantada “sociedade do espetáculo”.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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