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Em Pauta

Morte e vida dos latifúndios pantaneiros

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 05/10/2024 09:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

As primeiras fazendas pantaneiras eram latifúndios gigantescos. O modelo era de auto subsistência conhecido como “autarcias”- produzem tudo que necessitam -, obrigatoriamente ocupavam grandes áreas porque na época das cheias boa parte das terras ficava inundada. Mais de um século depois, teve inicio a desagregação dessas imensas fazendas. Em consequência da valorização da terra e de seus produtos, e do aumento da densidade demográfica, apressou-se a fragmentação das imensas propriedades de outrora. Em meados do século passado, o ritmo da desagregação tornou-se mais veloz. Já existia por força do desaparecimento dos primitivos donos, cuja descendência, numerosa em geral, se acomodava no território da fazenda.


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Despesas judiciais jamais!

O fazendeiro pantaneiro nessa época, tinha aversão a despesas judiciais. A regra era dividir a fazenda entre os descendentes sem dar conta ao governo. Nada registravam, era como se o proprietário original ainda estivesse vivo. Há vários exemplos desse tipo de alergia à burocracia, à ausência de legalização do desmembramento das propriedades. O mais inacreditável foi o de uma fazenda de mais de 800 mil hectares no vizinho MT que passou décadas nas mãos dos herdeiros sem escrituração. Boa morte do latifúndio, nunca entenderam a importância do trabalho e da legalização.


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Firme, a fazenda legal.

Mas nem todos agiam assim. Exemplo diverso, merecedor de melhores estudos, foi o do parcelamento da Fazenda Firme, cuja área primitiva, de 176 mil hectares, teve seus campos divididos e subdivididos. Invernadas e potreiros bem limitados por cercas - outro problema seríssimo no Pantanal. Seus currais também eram modelos, do tipo australiano, que propiciavam mais garantia, segurança e conforto. Além de ter prestado contas ao governo, desenharam um mapa da fazenda, algo impensável naquela época. Continha um mosaico dos descendentes proprietários. Não a toa, essa fazenda deu origem a médicos, engenheiros, advogados, veterinários e agrônomos, além de irradiar a civilização para as zonas contíguas. Quem estudou essas fazendas, afirma: “dificilmente se encontrará alguma outra, de tamanho comparável e tão valorizada pelo trabalho dos seus proprietários”. Era o símbolo da vida pantaneira. Vida e morte dos latifúndios pantaneiros. O descuido com a papelada burocrática fulminou inúmeras delas.


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O Imperador Amarelo.

Deveriam conhecer a “Burocracia celestial” dos chineses, onde nenhum fazendeiro perdia suas terras por sempre cuidarem da organização dos papéis. O Imperador Amarelo era o responsável pela burocracia. A cerca nasceu na Inglaterra; a burocracia, na China. Mesmo com inúmeros conflitos pela posse da terra, quem dispunha de cercas e papéis indiscutíveis, tendiam a vencer.

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