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Em Pauta

Na fronteira surgiam cabeças em estacas nas encruzilhadas

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 24/09/2024 06:45
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

O subdelegado de policia de Ponta Porã, em 1.906, escreveu que desordeiros e bandidos do Paraguai se refugiavam naquela localidade. Tinham, conforme esse delegado “malévolos intentos, desde que lhes permitta a occasião - o roubo, o assassinato e violação ao lar doméstico”, afirma Francisco Lopes de Aguiar. Estava ocorrendo um singular fluxo migratório, milhares de gaúchos, e um número não determinado de paraguaios, passava a viver nessa região, antes despovoada.


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Fugitivos da desolação.

Os paraguaios entraram pela via fluvial e pela fronteira seca, através de inúmeras passagens que permitiram trânsito livre de gente, de bois e de mercadorias entre os dois países, como nas regiões de Bela Vista e Ponta Porã. Vieram fugidos da desolação do pós-guerra em seu país de origem, da fome, da insegurança e falta de garantias de vida, agravadas pelas frequentes crises politicas e revoluções, que se sucederam de forma continua em um país destroçado, endividado e sem perspectivas de desenvolvimento. Não encontraram uma vida mais tranquila deste lado da fronteira. Acabaram se tornando escravos da gigantesca empresa Matte Laranjeira que explorava os ervais nativos.


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Sem lei e sem dono.

A sociedade forjada na fronteira adquiriu as marcas da contravenção e da violência. Um imenso território sem controle administrativo. Desguarnecido militarmente, sem policia, sem barreiras fiscais adequadas, era um território sem lei e sem dono. A violência era estrutural. Não raro, encontravam cabeças espetadas em estacas nas encruzilhadas para servir de exemplo. “O respeito era imposto pelo 44 que todos traziam na guaica atupetada de balas”.


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Pobres quartéis.

Os raros soldados sofriam a falta de comunicação com seus superiores vivendo em outras regiões distantes. Recebiam soldos irrisórios. Careciam da insuficiência de abastecimento de viveres, gêneros de primeira necessidade, fardamento, remédios, armas e munições. Eram muito vulneráveis a bandidos que infestaram a fronteira. Não conseguiam sequer defender suas próprias vidas. E ainda havia os desertores que tinham de ser exilados definitivamente para o país vizinho. A maioria das vezes, esses desertores iam engrossar as fileiras do banditismo. Também sofriam com as arbitrariedades dos comandantes e pela má qualificação. Muitas vezes eram compulsoriamente recrutados.

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