No Coliseu morreram milhares de animais e zero cristãos
A caça pertence à historia de todos os povos. Transformar as caçadas em espetáculo não foi incomum, hindus, chineses, turcos e egípcios levavam multidões às florestas para assistir a matança de animais exóticos, de grande porte. O inusitado na Roma Antiga foi construir imensos prédios, gigantescas arenas, para a população urbana assistir a morte de animais, transformada em show.
Morte aos animais!
Os relatos que chegaram até nós mostram a ferocidade e exotismo da matança animal no Coliseu de Roma. Esse era o mais famoso e grandioso, mas o Império Romano construiu dezenas de outras arenas para o mesmo fim em outras cidades. Em meados do século I a.C., Pompeu reuniu no Coliseu 20 elefantes, 600 leões e 410 leopardos. O Imperador Augusto, em sua autobiografia, alardeia de “ter acabado”com um total de 3.500 animais, inclusive com 35 crocodilos, no curso de seu reinado.
Coliseu virou uma selva.
O Imperador Probo, que não era nem um pouco “probo”, transformou o Coliseu em uma selva africana. No final do século III d.C., colocou nesse imenso prédio “mil avestruzes, mil cervos, mil javalis e muitos gamos, íbis e demais herbivoros”. Em uma variação fantástica dos costumes de matança no Coliseu, permitiu que o público entrasse na arena para levar os animais que quisesse. Em outra ocasião, organizou um “espetáculo decepcionante”. Reuniu 100 leões e mandou matar um a um, à medida que saiam lentamente de suas jaulas.
Corre que o elefante manco vem ai!
No ano 55 d.C., um espetáculo de matança de elefantes levou perigo ao publico. Um deles andava de joelhos por ter as patas feridas. E foi esse elefante que começou a arrebatar os escudos dos homens que estavam na arena e provocou a reação dos demais. Uma massa de elefantes derrubou as paliçadas e atacou a platéia.
Animais carrascos.
Mas os grande animais que eram levados ao Coliseu não eram sempre massacrados. Existia um dia caça. A “damnatio ad bestias”, a condenação às feras, era um tipo de execução de assassinos celebrada frequentemente na arena. Eram presos em postes, atacados e devorados pelos animais.
Cristãos não!
Há muitos livros e filmes sobre o enfrentamento de cristãos e leões no Coliseu. O fato é que não há registros genuínos de que no Coliseu executassem cristãos. Muitos séculos depois da queda do Império Romano os autores cristãos converteram o Coliseu no santuário dos mártires. Não há relatos de martírios nesse imenso prédio. É apenas uma suposição alicerçada em uma carta de São Inácio. Esse bispo sírio, de começos do século II d.C., descreveu nesse texto sua possível morte no Coliseu com palavras terríveis: “Deixem que eu seja alimento das bestas; assim é como posso chegar a Deus. Sou o trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras…”.