O chocolate conquistou os conquistadores
Quando os espanhóis chegaram à corte asteca, no século XVI, a elite indígena era aficionada por uma bebida fria feita à base da semente de cacau. Ela era perfumada com especiarias e misturada com milho: o “xocolatl”, precursor do tão amado chocolate que conhecemos. Os espanhóis não só não apreciaram essa bebida como a tratavam como “borbulha de fezes”. O xocolatl era feito, inicialmente, de uma massa das sementes de cacau misturada com água, assim, a gordura do cacau flutuava na superfície. Essa mistura era batida até formar uma espuma densa. Só depois, misturavam milho e, eventualmente, baunilha.
O açúcar das monjas.
Ainda que algumas vezes os astecas e maias acrescentassem mel a essa receita, tradicionalmente o sabor era amargo. Isso só mudou quando chegaram no México algumas monjas e montaram um convento. Foram elas que provavelmente levaram a cana de açúcar, uma especie originaria do oriente. E uma delas, de posse do açúcar, resolveu testar o xocolatl misturado com açúcar. Começava um negocio milionário.
Vendia mais que o tabaco.
O tabaco, até pouco tempo, era tido como o maior item de exportação das Américas para a Europa. Novos estudos estão mostrando que o xocolatl com açúcar se converteu em uma bebida popular entre os espanhóis instalados no México, Venezuela e Equador. Esse costume levou as sementes de cacau à Espanha. Tenochtitlán, a atual Cidade do México, se erigiu como o epicentro do monopólio comercial do cacau a nível mundial. Era lá que se concentrava a produção, distribuição e processamento dessa semente. E ainda acrescentaram uma novidade no xocolatl: passaram a adicionar pimenta.
Propriedades medicinais.
O chocolate passou a ser receitado por médicos europeus. Além de suas qualidades alimentícias, era medicamento para combater problemas venéreos, para a melancolia e a hipocondria. Também disporia de “secretas virtudes para curar o estômago”. Foi assim que o consumo de chocolate se democratizou, deixou de ser bebida da elite asteca. Mas ainda assim, construíram uma diferenciação. Os mais ricos, passaram a consumir chocolate originário da Venezuela, tido como mais doce. Aos pobres, era oferecido cacau do Equador, entendido como amargo, e contrabandeado em toneladas para a Espanha, tornando-o mais barato.