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DEZEMBRO, QUARTA  04    CAMPO GRANDE 26º

Em Pauta

O Festival da Embriaguez. Os deuses viviam no fundo da garrafa

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 04/12/2024 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Os antigos egípcios eram engraçados. Gastavam mais dinheiro em seus túmulos que em seus palácios. E achavam que a cerveja tinha salvado a humanidade. E, para completar, tinham o Festival da Embriaguez, algo chocante para as sensibilidades atuais.


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Uma celebração anual.

O Festival da Embriaguez era uma celebração anual da deusa Hathor e da salvação da humanidade através do milagre da cerveja. Coincidia com a cheia anual do Nilo, que trazia fertilidade às terras. Era realizado no templo de Hathor e dele participavam multidões de ricaços. Devia ser bem escandaloso.


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Com as melhores roupas.

O festival começava no crepúsculo. Os adoradores se reuniam na margem do Nilo enquanto o sol se punha do outro lado. Todos vestiam suas melhores roupas. As mulheres usavam seus colares típicos, bem grandes, maquiagem nos olhos e coroas na cabeça. As pessoas eram ungidas com um óleo de aroma doce. Flores eram espalhadas por toda parte, para que o local tivesse um cheiro divino. Até aqui, a história é bem fofa. Calma, que a barra vai pesar.


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Chegava a barca.

Eles esperavam pela barcaça cerimonial que apareceria no Nilo. Hathor estava chegando. As mulheres começavam a bater em seus tambores de mão enquanto a barca se aproximava e atracava. Havia nela um sacerdote, carregando consigo uma tigela cheia de cerveja vermelha para apresentar à deusa.


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Dança no pedaço.

Os tambores soavam e Hathor desembarcava. Era cercada por uma procissão de sacerdotes e dançarinas que faziam a dança tradicional da cerveja: braço direito levantado e cotovelo em um angulo de noventa graus. Aprenderam? Os dançarinos se vestiam de babuínos e outros macacos - para mostrar que Hathor era a deusa de toda a natureza.


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Vai começar a diversão!

Após bater em bolas de barro, algo semelhante ao golfe atual, o faraó voltava para casa e a diversão começava de verdade. Quantidades enormes de cerveja circulavam. Havia bem pouca comida. Bebiam com um único motivo: embriaguez sagrada. As pessoas entornavam a bebida. Ficavam mamadas. Um sacerdote subia em um palanque e lia hinos de louvor. A ultima frase do sacerdote é super pesada: “Deixe-o beber, deixe-o comer, deixe-o fod***”.


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Adoravam o esfrega-esfrega.

A cultura egípcia adorava e endeusava o esfrega-esfrega. Todos estavam ungidos em óleo - o corpo inteiro. As estrelas já tinham surgido, a lua subia no céu. Então, eles praticavam o sexo, bem ali, no saguão do templo. Na verdade era chamado de “Salão das Idas ao Charco”. Ir ao charco, era para os egípcios, praticar sexo.


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Vai acabar!

Por fim, os adoradores faziam o que todo mundo faz depois de ficar terrivelmente bêbado, vomitar (pulei essa parte de propósito) e transar com desconhecidos: dormiam. Nas últimas horas da noite, o Saguão da Embriaguez era tomado por roncos das pessoas. Era então que a mágica acontecia. No oratório ao lado do templo havia uma grande estatua de Hathor. Abriam as portas e levavam essa estátua até o Salão da Embriaguez. Tocavam os tambores e todos acordavam como bêbados acordam: meio perdidos. E era aí que aparecia à frente deles uma estátua iluminada pelo sol nascente. Era uma epifania. Um momento místico. Vivenciavam a presença da deusa. E nesse instante de crença celestial, podiam pedir qualquer coisa à deusa.

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