“Parisguaios”, reina a paz nas fazendas da fronteira?
“Brasiguaios“, era o termo utilizado para designar os brasileiros que residiam e trabalhavam no Paraguai por volta de 1.980. E de lá foram expulsos, resultando na criação de Novo Horizonte, uma cidade erguida sob o signo da reforma agrária. “Parisguaios”, é por mim usado, para o inverso: guaranis que vivem no Paraguai e vem ao Brasil lutar por um pedaço de terra, invadir fazendas. Esse neologismo, inventar palavras inexistentes, pode ser um erro linguístico, mas não histórico. Parcela significativa dos guaranis que estavam, e continuam, invadindo fazendas brasileiras são originários do pais vizinho.
Uma historinha de 45 ônibus.
Quando a invasão das terras de Antônio João começaram há quase vinte anos, aconteceram três ataques. No primeiro, em torno de 40 indígenas, todos residentes no Paraguai, renderam e agrediram uma família que vivia em uma fazenda chamada “Primavera”. O segundo, com o dobro de guaranis, atearam fogo na sede da fazenda e cortaram a cerca, liberando mais de uma centena de vacas. O terceiro foi ainda maior…..e nunca mais pararam. Para levar as centenas de guaranis até as fazendas, contrataram pelo menos 45 ônibus. Conheço esse número pela informação prestada por quem foi encarregado de alugá-los.
Vitória ou apenas tomam fôlego?
Não resta dúvida, o governador Riedel e o ministro Gilmar Mendes trabalharam muito para pacificar os guaranis e fazendeiros de Antônio João. É uma vitória a ser comemorada. Toda paz tem de ser aplaudida, nunca criticada. Faço parte das longas fileiras do anti-petismo, mas não sou hipócrita escondendo o papel desempenhado pelo presidente Lula nesse processo. Mas, também não sou bocó, ou pelo menos luto para não ter carteirinha de ingênuo. Se, ao mesmo tempo comemoro a paz, tudo que conheço diz que não será duradoura. Apenas uma tomada de fôlego. Esse embate entre fazendeiros da fronteira e guaranis não começou no século passado, é muito mais antigo. Não há um só sinal que venha a terminar. As “retomadas” são apenas um nomezinho diferente para reforma agrária indígena, nunca termina. Preparem-se, muitas fazendas ainda serão invadidas sob o falso argumento de “retomada”. Também tenho a obrigação de cobrar dos ministros do STF e do governo federal: quando pagarão pelas 150 fazendas “retomadas” por indígenas em outros municípios? Desconfio que será no dia de São Nunca.