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Em Pauta

Propaganda negativa, a arte de destruir o inimigo

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/09/2017 09:06
Propaganda negativa, a arte de destruir o inimigo

Dizia Nietzsche que a forma mais indigna de causar danos a uma causa era defendendo-a, intencionalmente, com maus argumentos. Defenda erroneamente e a destruirá. Talvez seja a mais eficaz. Vemos diariamente no Brasil do "contra políticos" (em verdade, é contra os atuais políticos). E eles não percebem o erro que estão cometendo. Vem daí o proverbial temor de toda organização - pública ou privada - dos quinta-colunas, dos traidores, dos dissidentes e daqueles que denunciam sua própria causa. Mesmo que tenha a língua presa, causará um mal maior que aquele causado por um inimigo. Não foi a toa que Dante colocou os traidores no nono e último círculo do inferno, eles seriam mastigados eternamente por Lúcifer. Não a toa temos aversão a Judas. Sua morte foi descrita de duas maneiras, ambas macabras: enforcado, segundo Mateus e, segundo os "Feitos", caindo e estourando a cabeça e derramando suas entranhas.
Se a propaganda é a alma de escutar as pessoas, segundo a inspirada definição de Goebbels, foi esse gênio sanguinário nazista quem melhor usou a propaganda negativa. Começou promovendo um livro. "Os protocolos dos sábios de Sião" é um livro que divulgava as intenções dos judeus de dominar o mundo, um "plano secreto" que Gobbels soube usar para colocar o povo que odiava na marginalidade criada pelo intolerância.
O nazismo foi capaz de enxergar, desde o começo, a importância dos meios de comunicação de massa. Pode-se afirmar que são seus grandes precursores. Sentiam um interesse particular pelo rádio. Assim, desde sua chegada ao governo não mediram esforços para que a Alemanha fosse o país com maior numero de receptores de rádio, para que as mensagens nazistas chegassem a todo momento em todos os confins do país. Porque limitar-se somente à Alemanha? Emitir no exterior poderia ser proveitoso, sempre e quando soubessem aproveitar a mensagem à audiência do destinatário. Dessa maneira foram fazer o teste na Espanha da guerra civil. Criaram uma emissora que fingia ser republicana, uma experiência que Goebbels soube aproveitar na Segunda Guerra. Criou uma rádio voltada para sacudir a Irlanda contra a Inglaterra e outras duas contra o governo francês. A primeira fingia que era do Partido Comunista da França (Radio Humanité), descrevia o nazismo em termos apocaliptos frente ao qual só restava fugir. A segunda, denominada "Voix de La Paix", estava orientada mais à direita, com um conteúdo fortemente patriótico ainda que derrotista, criticava o governo francês como incapaz de enfrentar as forças nazistas. Propunha a rendição. Assim como contrataram milhares de franceses, distribuídos em todo o território, para propagandear a rendição. Também gastaram a incrível fortuna de 300 milhões de francos para garantir o derrotismo na linha editorial dos jornais franceses. É difícil estimar o impacto real de toda essa propaganda, mas os nazistas tomaram a França em um mês e meio de batalha. Foi um passeio. Enfrentaram um exército desmotivado, estrategicamente mal posicionado, mal apetrechado e pouco disposto a lutar.
Alguém duvida do que ocorrerá em outubro de 2018 no Brasil?

Propaganda negativa, a arte de destruir o inimigo

Sem os bêbados, este mundo seria mais chato que a TV Câmara.

A civilização começou com as bebidas alcoólicas. Desde os sumérios os humanos não param de criar, de inovar... e de se declarar culpado com algumas doses a mais. Se não fosse a bebedeira do açougueiro engravatado, Brasília seria a capital mundial da depressão, a capital de um país imerso em suas sombras mentais. Alguns dos maiores pensadores declararam seu amor incondicional às bebidas. Vale a citação de alguns:
Cervantes: "Eu bebo quando comemoro... e às vezes quando não há nada para comemorar". Tim Maia: "Comecei uma dieta. Cortei a bebida, a cachaça e as comidas pesadas e em 14 dias consegui perder duas semanas". Pensamento egípcio de 2.200 anos: "A boca de um homem totalmente feliz está cheia de cerveja". Churchill: "Eu aproveitei mais do álcool do que ele se aproveitou de mim". Jonathan Swift: "O vinho deveria ser comido, ele é bom demais para ser bebido". Goethe: "Quem não bebe e não beija está pior que morto". Toulose-Lautrec: "Beberei leite no dia que as vacas comerem uvas". Provérbio celta: "Pessoas boas bebem boa cerveja". Sêneca: "O vinho é a cura perfeita para a melancolia e a dor". Paulo Francis: "Intelectual não vai à praia, intelectual bebe". Heminguay: "Todos os bons escritores bebem". Anônimo: "Nunca fiz amigos bebendo água". A penúltima frase é do Jaguar: "Beber é melhor que viver". E a última é de Cristo: "Tomai e bebei todos vós. Fazei isso em minha memória". A depois da última deveria ser do Joeslei, o maior bêbado dos últimos tempos: "Não é batom na cueca, foi um copo de groselha que caiu". Só conversa de embriagado merece crédito neste momento do país. O certo é que a realidade não passa de uma ilusão provocada pela falta de bebida. Só o bêbado pratica o "sincericídio". In vino veritas; no uiscão é vixe Maria.

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A violência é a maior barreira para o turismo?

No órgão responsável pelo turismo brasileiro - Ministério do Turismo, um cabide de emprego - acreditam que a fama de povo violento é a maior barreira para o desenvolvimento dessa fonte fundamental de divisas. É uma parte da verdade. Efetivamente essa fama está consolidada e afugenta muitos potenciais turistas. Mas se fosse o único importante fator para a não vinda de turistas para nossa terra países muito mais violentos que o nosso como o Egito, México e Turquia também teriam escassez de turistas. Mas eles, décadas após décadas, continuam a receber mais turistas que o Brasil. Se fosse somente a violência a França, Espanha e Inglaterra não receberiam turistas após os inúmeros atentados dos muçulmanos radicais. Se ao andar pelas ruas de Copacabana o turista pode se deparar com um assassino, passear nas proximidades da Torre Eiffel é marcar encontro com uma bomba. Apesar dos atentados, o turismo na Europa cresceu 4%. Mais do que isso, cidades como Veneza e Barcelona desejam criar um numero que limite a entrada de turistas. No verão europeu ocorreram várias manifestações de residentes das cidades que receberam um numero excessivo de turistas.
A verdade é mais profunda. Os governantes estão preocupados com a pequena política, com picuinha, só se interessam por seus mandatos. Não há um só candidato a cargo algum que pense esse fundamental setor da economia. Uma indústria responsável por 10% do PIB mundial. Um em cada onze empregos no mundo é criado pelo turismo. As receitas da indústria do turismo ultrapassam as dos alimentos, do petróleo e dos automóveis. Se há uma crise da carne bovina, o governo enlouquece e gaste uma fortuna para que esse setor se recupere, mas não pensa no turismo. País atrasado, onde faltam estradas apropriadas para o turista ser bem recebido, faltam linhas aéreas, redes hoteleiras e gastronômicas. O turismo não é feito apenas de contemplação do belo - natural ou criado pelo humano - é organizado com boas condições de viagem e de hospedagem. O turismo continua ocupando a ultima prateleira nas preocupações de todos os governantes no Brasil, aquela prateleira que ninguém sabe onde fica.

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