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Em Pauta

Um Estado e duas fronteiras em eterno litígio

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 17/09/2024 09:30
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Para quem lê sobre a questão da posse da terra na fronteira com o Paraguai pode imaginar que esses embates são atuais, estariam ligados à polarização entre a extrema direita e a esquerda do Brasil. É uma ideia totalmente incorreta. As fronteiras do Mato Grosso do Sul sempre foram disputadas a tiro e muito sangue. Guaranis contra brasileiros é uma luta que vem ocorrendo há séculos. Só bocós imaginam que terminará.


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Entregando parte da Bolívia ao Brasil.

O marco inicial da questão fronteiriça começa com D.Sebastião Ramos, governador de Chiquitos - atual Santa Cruz de la Sierra - solicitando ao governo brasileiro que anexasse essas terras, hoje bolivianas, ao nosso Estado. O objetivo do governador era defender-se dos insurretos que lutavam pela independência. O pedido foi prontamente aceito pelos governantes do então Estado uno de Mato Grosso. Mas foi desfeito pelo governo imperial, sediado no Rio de Janeiro. O marco dessa disputa territorial é de 1.811. A Bolívia era disputada por várias nações por causa da sua riqueza mineral.


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Brasileiros não passaram pelo rio Paraguai.

Logo depois, a Argentina resolveu “nacionalizar” a região onde corria o Rio da Prata e o Rio Paraguai. Desejava reativar o Vice Reinado do Rio da Prata. O governo brasileiro temia essa nacionalização. Precisava defender o Mato Grosso, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, cobiçados pelos argentinos. Alegando que não poderia discutir essa questão devido à guerra civil no Rio Grande do Sul, acabou se jogando nos braços do ditador paraguaio Carlos Lopes, pai de Solano Lopes. Este, optou por fechar ao Brasil o acesso pelo rio Paraguai a nossas terras. A confusão era grande e generalizada.


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As terras que margeiam os rio Apa e Iguatemi são minhas.

Mas as desavenças com os paraguaios não se limitava às viagens pelo rio Paraguai. Os dois países lutavam pela posse das terras que margeiam os rios Apa e Iguatemi. E não conseguiam avançar em um mínimo acordo sequer. Todos sabiam que esse litígio terminaria em sangue. A guerra se avizinhava. Enquanto Solano Lopes,  general desde os 18 anos de idade, sedento pelo sangue derramado em uma guerra, montava um grande exército, o governo brasileiro era incompetente e não guarnecia o Mato Grosso do Sul com tropas para sua defesa. Montou um pequeno forte, denominado Coimbra (com uma centena de defensores), e uma diminuta guarnição nas proximidades de Dourados (com menos de duas dúzias de soldados), além de um destacamento, um pouco maior em Corumbá, com aproximadamente 400 soldados. Mato Grosso do Sul era defendido por pouco mais de 500 soldados. Solano enviou tropas com milhares de soldados para invadir nossas terras. Foi um massacre. E essa luta fronteiriça nunca mais parou. Tempos depois, enfeitou-se com cocar, vestiu-se de “questão indígena”.

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