Verdades e mentiras sobre probióticos e iogurtes
A moda diz que tomar "kefir" - uma bebida fermentada, um tipo de iogurte, originária das montanhas do Cáucaso - faz bem para a saúde dos intestinos e, mais importante, emagrece. Mas o kefir tem um concorrente muito mais rentável: o probiótico do supermercado e das farmácias. Se a modinha do kefir atinge apenas as brasileiras, o probiótico é mundial.
Probiótico significa vida. Toda uma hipérbole linguística para motivar o comprador. Comprar um produto que não passou pelo crivo das pesquisas científicas. Esse é o maior dos problemas do probiótico. Ao lado de um probiótico que passou pelas caras comprovações científicas, está outro que não passou por um só teste. Sobre o kefir, não há uma só evidência científica que autorize seu uso como alimento para emagrecimento.
Probiótico serve para tudo.
Vendem. Vendem muito. Colocaram nas prateleiras shampoo que levam probiótico. Há loções pós-barba com probiótico. Desinfetantes. Cosméticos. Pasta de dente. E, acreditem, probiótico para combater caspa. Seria uma piada se não levasse o dinheiro de tantos incautos.
Não servem para nada em pessoas sãs.
Em janeiro de 2016, NHS Choices, o maior portal de saúde da Inglaterra, revisou profundamente os estudos existentes para separar o "joio do trigo", a verdade da enganação. O resumo desse profundo estudo pode ser descrito: os benefícios comprovados envolvem a um número reduzido de transtornos relacionados com o aparelho digestivo. Aprovaram tão somente o uso de pouquíssimos probióticos para a diarreia do viajante, a síndrome do intestino irritável e a diarreia de crianças que tomaram antibiótico. E ponto final.
Está escrito com todas as palavras nesse estudo: "não faz efeito para perder peso". Também está escrito que não reforça o sistema imunológico, não serve para tratar a diarreia crônica, nem a dermatite atópica e tampouco a vaginose bacteriana.
Por outro lado, há uma imensa expectativa no mundo científico pelo potencial desses probióticos e iogurtes. A comunidade científica há dezenas de anos vem depositando esperanças que novos estudos venham algum dia descobrir algumas bactérias que servirão para determinados grupos de pessoas. Mas é só esperança.