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Economia

Com dólar a R$ 3, turismo perde clientes mas carne e soja se valorizam

Liana Feitosa | 07/03/2015 15:25
(Foto: Marcos Ermínio)
(Foto: Marcos Ermínio)

O dólar rompeu a barreira dos R$ 3 pela primeira vez em mais de 10 anos nesta semana. O novo cenário gera efeitos na economia e, em Mato Grosso do Sul, será possível observar algumas vantagens e desvantagens.

Vantagens - A alta do dólar traz benefícios ao setor de exportação do Estado, que está entre os campeões de vendas de soja e carne para o mercado estrangeiro.

"O lucro da comercialização é em dólar. Essa vantagem só existe se existirem compradores no exterior, se houver mercado comprador", explica o economista Ricardo Senna. "Se existe mercado consumidor lá fora para nossos produtos, aí existe perspectiva de aumentar o saldo de exportação e, assim, favorecer o crescimento da balança comercial", completa.

Com o dólar em alta, os produtos brasileiros ficam mais baratos lá fora, o que estimula a compra. "Mas isso só se mantém positivo se os mercados compradores mantiverem o volume de compra ou comprarem mais", pontua o economista.

Turismo - Outra vantagem da alta da moeda norte-americana é o favorecimento ao turismo. Fica bem mais barato ao turista estrangeiro vir para o Brasil. Já para o brasileiro, há facilitação para o turismo interno, já que para ir ao exterior ficará mais caro.

"No entanto, se a água, a energia e a gasolina, por exemplo, continuam mais caros, é claro que a pessoa não vai viajar tanto assim. A realidade da economia não vai deixar a gente aproveitar muito essa possibilidade de conhecer o próprio país, e aí não adianta estar barato viajar dentro do Brasil", considera o especialista.

Além disso, dois "detalhes" ligados ao encarecimento da moeda norte-americana podem afetar as exportações do Estado: economia nacional instável e credibilidade em baixa.

Desvantagens - Isso porque, segundo Senna, a elevação do câmbio é uma manifestação da atual falta de credibilidade da política brasileira. "A alta ameaça o papel do Governo (Federal) nos mercados internacionais", analisa.

"Além disso, outro efeito negativo é que essa alta ajuda a pressionar a inflação, tanto que o governo, na quarta-feira (4), aumentou a taxa de juros porque já percebe que a inflação não vai caminhar em direção à meta que ele quer e espera", complementa Senna.

O setor de importação também sofre prejuízo, já que a moeda acaba aumentando os gastos do Brasil com importação. "Nós importamos muito trigo, por exemplo. Por isso, todos os produtos que dependem dele, que têm o trigo como matéria prima, a exemplo do pão, encarecem", explica.

"O Brasil também importa combustíveis, o que ajuda a aumentar o preço desses produtos. Enfim, todos as demais atividades relacionadas à à importação acabam sofrendo com a alta do dólar", afirma.

Mudanças - Para evitar essas dores de cabeça, o governo deveria ter tomado alguma medidas no passado, acredita o economista. "O governo precisava ter criado anos antes uma política mais austera, mas preferiu investir em juros subsidiados, em fomento ao crédito. Por isso, a disputa eleitoral acabou gerando ações que fazem com que a gente pague o preço agora", resume.

Senna considera que, para evitar mais problemas, o poder público precisa agir, sim, mas não existem medidas que trariam resultados imediatos. "A saída é tomar medidas que trarão resultados no futuro, como corte nos gastos públicos, controle pragmático da inflação e resgate da credibilidade da economia diante do cenário internacional", conclui.

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