Em 15 anos, indústria investiu 2 bilhões e criou 28 mil empregos na Capital
Em franco desenvolvimento, o setor industrial de Campo Grande passou por transformações nos últimos anos que refletiram na geração de emprego e de renda. Fator que contribuiu fortemente para esse avanço foi o Prodes (Programa de Desenvolvimento Econômico e Social), que reduz impostos e dá outros benefícios às empresas que querem se instalar e investir na Capital.
Durante 15 anos de existência do programa, 223 empresas se fixaram em Campo Grande. Juntas, elas contrataram 23,5 mil trabalhadores e investiram R$ 1,8 bilhão na cidade. Os números do desenvolvimento são ainda maiores quando somados a quantidade empresas que estão em processo de instalação: previsão de 28 mil empregos diretos e de R$ 2 bilhões de investimento.
Recentemente, a lei do Prodes passou por alteração. Antes, os incentivos fiscais, como redução de impostos e doações de terrenos às indústrias, eram concedidos por meio de decreto do prefeito. Agora, os benefícios são dados por meio de lei específica aprovada pela Câmara Municipal.
“É uma segurança maior para o empresário porque da mesma forma que um prefeito podia assinar um decreto com benefícios, ele podia assinar outro para revogar”, explicou o secretário-adjunto da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio), Natal Baglioni Meira Barros. A modificação do Prodes foi feita para atender a alguns regulamentos federais que determinam que doações de áreas públicas e incentivos devem ser registrados em lei.
O caminho do empresário que quiser se fixar na Capital é simples, porém longo. É necessário o cumprimento de exigências. Tudo começa com a apresentação de uma carta consulta ao Codecon (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico). Essa carta, que é uma espécie de dossiê onde a empresa diz como pretende atuar na cidade, é analisada por 14 entidades que compõem o Codecon. Depois de aprovada no conselho, a proposta é enviada para a Câmara Municipal, que autoriza os incentivos por meio de lei.
“Depois, e empresa tem que apresentar certidões negativas, ações cíveis, criminais e outras. Aí sim é feita a doação”, completou o secretário-adjunto. Esse processo dura de oito meses a um ano. Depois de cumprir todas as exigências, a indústria começa a se instalar na cidade e a coordenadoria do Prodes acompanha e fiscaliza o processo. “Quando a empresa recebe uma área, ela tem compromissos: edificar, empreender e manter se manter em funcionamento. Essa é a contrapartida, movimentar a economia”, disse.
Polos industriais – Conforme o coordenador do Prodes, Tito Vespasiano, Campo Grande possui três grandes polos industriais: Polo Norte, situado na saída da cidade para Cuiabá (MT); Polo Oeste, que fica na saída de Terenos; e Polo Sul, também conhecido como Polo das Moreninhas, que fica na saída da Capital para São Paulo (SP). Além deles, a cidade ainda tem as áreas do Anel Viário e do loteamento Jardim Paulo Coelho Machado.
“Todos os tipos de empresas estão instaladas nesses locais. Empresas de transporte, de prestação de serviços, da área têxtil e outras”, comentou. Algumas delas trazem títulos para a Capital do Estado. Um exemplo é a Bornholdt Distribuição, que construiu em Campo Grande a maior unidade de armazenamento de frios do Centro-Oeste e do Nordeste. “Existem câmaras frias de refrigeração e armazenamento com capacidade para 10 mil toneladas”, disse Natal.
Entre as grandes empresas que receberam benefícios de Campo Grande estão a Universo Íntimo Confecções, que gerou 903 empregos; a TDB Têxtil Confecções, que contratou 244 pessoas; e a Brasráfia do Brasil Confecções, que abriu vaga a 96 trabalhadores. “A Sertão está inaugurando um centro regional de distribuição aqui e as Casas Bahia já tem esse centro”, contou.
Benefícios à cidade – Ainda de acordo com o secretário-adjunto da Sedesc, os benefício que Campo Grande conquista com as novas indústrias são muitos, sendo que os principais são a geração de emprego e renda, além de aumento na arrecadação de tributos como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza).
“Você pega uma área ociosa, que não tem nada, e doa para uma empresa. Mas essa doação começa a gerar lucros. Quando a empresa constrói um prédio, gera IPTU. Se for uma empresa de prestação de serviços, gera ISSQN. Se for de fabricação, gera ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços). É um efeito multiplicador tão grande que o estado e município não perde”, afirmou o secretário.
Projeção para o futuro – Com 78 empresas querendo fixar base em Campo Grande, todos os polos industriais da cidade estão comprometidos. Os terrenos vazios, disponíveis para doações, estão reservados para empresas que cumprem exigências para poder adquirir benefícios. “Por isso, o atual prefeito fez um decreto criando uma comissão de estudo da política industrial do município que vai identificar uma área da cidade para implantar um novo distrito industrial”, contou Natal.
Com isso, uma equipe multidisciplinar, formada por arquitetos, economistas e outros profissionais, vai definir uma nova área rural para transformá-la em um distrito. “Essa é a diferença: um polo é obrigado estar na área urbana. Já um distrito é uma área rural que foi transformada em urbana, mas essa distância entre distrito e cidade continua área rural”, ensinou.
Ainda de acordo com Natal, quando uma área é transformada em distrito, o desenvolvimento começa a acontecer. “Como vira área urbana, tem que levar escola, casas, posto saúde, coleta de lixo e linhas de ônibus”, explicou. “Esse grupo está trabalhando na definição de uma nova área para instalar esse distrito industrial, que será todo planejado para empresas de todas as naturezas”, emendou.
Entre as novidades anunciadas está a implantação de indústrias como a Solar Par, que produz painéis de células fotovoltaicas, ou seja, painéis que produzem energia solar. Além dela, tema a indústria Uninter Informática, que fabrica notebooks, desktop, tablets e smartphones.
“Outra novidade é a sede de monitoramento de controle da CCR MSVia em Campo Grande. A empresa ganhou a concessão de 30 anos para administração e duplicação da BR-163 no Estado e vai gerar 250 empregos diretos só na Capital”, contou.
Para o secretário-adjunto, Campo Grande tem preferência na instalação de indústrias “porque está próxima do grande centro consumidor do País, que é o sudeste”. “Outro ponto: nós temos uma cidade muito agradável para se viver”.