MS vira modelo e líderes comandam principais entidades nacionais
Com projetos e bandeiras de destaque, Mato Grosso do Sul virou modelo e líderes locais são "mandachuvas" em algumas das principais entidades nacionais do agronegócio. O posto coloca o Estado em debates importantes e proporciona participação em decisões de relevância para o futuro do setor.
Presidente da Confebras (Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito), Celso Ramos Régis atribui a influência nacional “à credibilidade das entidades e ao trabalho conjunto”. “Trabalhamos pela melhoria da produção, questões políticas ficam de lado”, frisou.
Para ele, a “pujança” do setor originou projetos modelos. Como exemplo, citou a criação do Fundo de Desenvolvimento da Cultura da Soja e do Milho. “Com o recurso, investimos na melhoria da qualidade de produção, de armazenamento e em pesquisas”, ressaltou.
Em Mato Grosso do Sul, são nove cooperativas, com 110 mil associados e 58 unidades de atendimento. “Estamos exportando capacidade de gerenciamento”, destacou, fazendo menção à participação de sul-mato-grossenses no comando de entidades nacionais.
Na vice-presidência da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Eduardo Corrêa Riedel também atribuiu a expressão do Estado no setor do agronegócio ao desempenho das instituições locais.
Como projeto modelo, ele citou o Siga MS, uma plataforma de monitoramento e inteligência do sistema de produção do uso do solo. Com o mecanismo, é possível saber a área de ocupação de cada cultura e a produção. “Acompanhando o resultado, temos condições de detectar os cuidados com cada tipo de solo”, exemplificou Riedel.
Ele destacou ainda a participação do Estado no debate sobre a questão indígena. “Desde 2008, estamos trabalhando forte neste setor”, comentou. No ano passado, Mato Grosso do Sul inovou ao lançar o “Leilão da Resistência” para patrocinar ações para resolver os conflitos por terra. “Também movemos várias ações do STF (Supremos Tribunal Federal) para destravar o impasse”, completou.
Diante da pressão, o Governo Federal resolveu colocar a mão no bolso e bancar indenizações para comprar áreas de produtores e entregar aos índios. A aquisição das fazendas começará pela região dos Terenas, em Sidrolândia. “A participação em entidades acaba nos permitindo integrar discussões nacionais e participar dar decisões”, disse Riedel.
Da mesma maneira, avaliou o presidente da Aprosoja Brasil (Associação dos Produtores de Soja do Brasil), Almir Dalpasquale. “Quando estou em Brasília não é o ego da pessoa é a representatividade de Mato Grosso do Sul”, afirmou. Ele ainda fez questão de ressaltar que as entidades primam por trabalhar dentro da legalidade, da seriedade e imparcialidade. “Não existe barganha nas decisões”, garantiu.
Com produção de 6 milhões de toneladas no ano passado, Mato Grosso do Sul ocupa o posto de quinto maior produtor de soja do Brasil. A produção de cana-de-açúcar é a quarta maior do País e, no quesito pecuária, o Estado ocupa o posto de segundo maior produtor. “O volume e a diversidade de produção nos ajudam a alcançar os postos de destaque”, disse Riedel.
No setor do algodão, Mato Grosso do Sul também tem poder de influência. No início deste mês, Gilson Pinesso assumiu a presidência da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão). Graduado em economia, ele é diretor do Grupo Pinesso que produz em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e no Sudão, na África. Também já comandou a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão, em 2009 e 2010, e foi vice-presidente da Abrapa na gestão passada.
Ao contrário do setor do agronegócio, nos debates políticos em nível nacional o Estado, sem nenhum representante no primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff e com menos de 2% do eleitorado brasileiro, tem praticamente nenhum poder de influência.